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Inteligência Artificial: incentivos para acelerar as PME

Inteligência Artificial: incentivos para acelerar as PME

A transformação digital é uma obrigação estratégica para a competitividade das empresas portuguesas. Neste sentido, a inteligência artificial (IA) destaca-se como um vetor fundamental de inovação, capaz de reconfigurar processos, gerar eficiências e abrir novas oportunidades de negócio.

 

No entanto, é crucial avaliar de forma rigorosa o papel dos incentivos fiscais e financeiros neste contexto, e reconhecer os desafios persistentes no sistema nacional de apoio à inovação tecnológica.

 

A experiência demonstra que o atual enquadramento dos incentivos em Portugal se caracteriza por uma complexidade e falta de clareza específica para a inovação tecnológica. Embora existam mecanismos de apoio relevantes, como o SIFIDE (Sistema de Incentivos Fiscais à Investigação e Desenvolvimento Empresarial) e incentivos financeiros como o SI Inovação Produtiva e outros, enquadrados no PT2030 e até PRR, estes nem sempre se encontram suficientemente alinhados com as necessidades específicas dos projetos inovadores, especialmente na área da transformação digital e da IA.

 

O SIFIDE constitui um importante instrumento fiscal que visa apoiar empresas que investem em atividades de I&D através da dedução à coleta do IRC das despesas realizadas. Contudo, a experiência mostra que frequentemente as iniciativas tecnológicas enfrentam obstáculos significativos ao serem reconhecidas e enquadradas como projetos de Investigação e Desenvolvimento, sobretudo quando se trata de tecnologias já existentes em que são executadas melhorias incrementais significativas.

 

Por outro lado, o SI Inovação Produtiva, no âmbito do PT2030, pretende fomentar o investimento empresarial em inovação, promovendo a modernização dos processos produtivos e a adoção de tecnologias digitais avançadas. Apesar do seu contributo relevante, verifica-se que o acesso e aprovação dos projetos nesta tipologia de incentivo podem ser complexos, devido à elevada exigência dos critérios de avaliação e, por vezes, a uma interpretação restritiva do conceito de inovação em projetos com uma forte componente de software e dados.

 

A inteligência artificial tem o potencial de transformar profundamente a economia nacional, impulsionando a competitividade e a resiliência das empresas portuguesas face aos desafios internacionais. Para maximizar este potencial, torna-se urgente reformular os incentivos fiscais, tornando-os mais inclusivos e eficazes na promoção da inovação e da transformação digital. Tal pressupõe o alargamento dos critérios de elegibilidade, a candidaturas com formulários e métricas objetivas, maior rapidez nos prazos e a adoção de uma visão mais abrangente sobre o conceito de I&D empresarial.

 

Muitos projetos tecnologicamente relevantes acabam por ser excluídos por não se enquadrarem nos modelos tradicionais de I&D. Esta visão conservadora reduz o dinamismo do ecossistema digital, desincentiva o espírito empreendedor e limita a criação de soluções verdadeiramente disruptivas, capazes de posicionar a economia num contexto mais competitivo e orientado para a inovação.

 

O futuro dos incentivos depende da capacidade de adaptação. Mais do que apenas apoio financeiro, importa criar um ecossistema que favoreça a experimentação controlada, a colaboração entre empresas, ensino superior e centros tecnológicos, e que valorize a boa gestão de risco. É crucial reconhecer a centralidade da IA na reconfiguração dos setores económicos e no aumento do valor acrescentado.

 

A transformação digital das empresas portuguesas requer incentivos fiscais e financeiros verdadeiramente adequados e eficazes. A IA representa uma oportunidade estratégica, mas o seu impacto só acontece se os instrumentos públicos estiverem preparados para apoiar avanços em ciclos curtos e com avaliação clara de resultados. Com regras transparentes e execução célere, os incentivos tornam-se um verdadeiro catalisador da transformação digital em Portugal.

 

Desigualdade de género: o fosso invisível que molda o nosso mercado de trabalho

Desigualdade de género: o fosso invisível que molda o nosso mercado de trabalho

Em pleno século XXI, a desigualdade de género é um dos maiores desafios dos direitos humanos que o mundo enfrenta, sendo que, o género continua a ser um factor determinante no valor atribuído ao trabalho, com consequências económicas e sociais para toda a sociedade. Em Portugal, apesar dos avanços, o desequilíbrio estrutural é difícil de ignorar.

 

Em Portugal, 49,5% da população activa são mulheres e, quando olhamos especificamente para os seus níveis de qualificação (com ensino superior), o número sobe e as mulheres representam 59% deste universo. Seria legítimo esperar uma distribuição equitativa de oportunidades. Certo?

 

Os dados mais recentes sugerem o contrário: apenas 30% dos cargos de gestão e 27% dos cargos de liderança são ocupados por mulheres. Nas grandes empresas, a presença feminina nos lugares de decisão é ainda mais escassa — apenas 11% dos cargos de topo. Este desequilíbrio, traduz-se directamente na remuneração. A diferença salarial base entre homens e mulheres situava-se, em 2023, nos 12,5%, representando um fosso ainda mais profundo quando analisamos os rendimentos globais (menos de 161,30€ de remuneração mensal, face aos homens).

 

Estudos internacionais demonstram que empresas com políticas sólidas de equidade salarial e inclusão de género apresentam melhor desempenho financeiro, maior inovação e níveis superiores de retenção de talento. A par, equipas com diversidade de género destacam-se na resolução de problemas e na tomada de decisões, o que resulta numa organização mais ágil e rentável, amplificando a narrativa de que a inclusão não é apenas um imperativo moral; é uma vantagem estratégica.

 

Em Portugal, a resposta tem sido feita também pelo robustecimento do quadro legal. A Lei n.º 62/2017 exige transparência remuneratória e obriga empresas a apresentarem planos correctivos sempre que se identifiquem disparidades significativas. Em 2023, mais de 1500 empresas foram chamadas a justificar desequilíbrios salariais. Mas a eficácia da lei esbarra frequentemente numa implementação meramente formal — e pouco transformadora.

 

Por isso, o caminho para a equidade exige uma actuação mais profunda em algumas áreas cruciais. Promover uma liderança corporativa, ou seja, a importância do “walk the talk”, tendo a capacidade de influenciar políticas e práticas e, em última análise, impulsionar a inovação, melhorar o envolvimento das partes interessadas e moldar o sucesso da organização ao promover a diversidade e a inclusão. É essencial ser transparente nos critérios de progressão, estabelecendo-os de forma clara para a progressão de carreira, reduzem a margem para a discriminação e o enviesamento de género.

 

É também importante promover de forma activa uma liderança feminina, através de capacitação programas de mentoria, programas de aceleração e metas concretas, medidas eficazes para equilibrar o acesso ao poder. Para além disso, deve existir uma cultura organizacional centrada na equidade, fazendo a igualdade parte da identidade da empresa, não apenas dos seus relatórios, mas através de um conjunto de valores, crenças e comportamentos que moldam a forma como os colaboradores interagem e realizam o seu trabalho. Isto apenas é possível, com o acompanhamento periódico do tema, com a definição de metas e objectivos, permitindo identificar causas estruturais da disparidade e corrigi-las, melhorando continuamente o desempenho organizacional nestas matérias.

 

Por último, importa reforçar a necessidade de olhar para a desigualdade salarial não apenas como um detalhe, uma estatística ou uma factualidade cultural. É, sem sombra de dúvidas, uma manifestação concreta da desigualdade de poder no ambiente corporativo. E não se trata apenas de justiça social. A desigualdade salarial entre géneros é, em última análise, uma questão de direitos humanos. Mas é também uma oportunidade estratégica para construir ambientes de trabalho mais justos, inovadores e produtivos, onde o salário é igual para trabalho igual ou de igual valor. O futuro da competitividade passa, inevitavelmente, por aqui.

 

FI Group lança “Último a Decidir” um podcast sobre liderança

FI Group lança “Último a Decidir” um podcast sobre liderança

A FI Group Portugal estreia-se no universo dos podcasts com o lançamento do “Último a Decidir”, um projeto que promete inspirar líderes, empreendedores e equipas de inovação. Com estreia marcada para 1 de setembro, este novo formato estará disponível em todas as principais plataformas de distribuição de podcasts — incluindo Spotify, Apple Podcasts e YouTube Music.

 

Conduzido por Fábio Gomes, Marketing Manager & Digital Transformation Strategist da FI Group, o podcast mergulha nas histórias de quem vive o desafio de tomar decisões estratégicas com impacto. Cada episódio, com duração média de 45 minutos e periodicidade quinzenal, traz conversas reais e inspiradoras com líderes de diferentes setores, terminando com um desafio final que revela o estilo de decisão do convidado.

 

Mais do que teoria — uma viagem pela liderança em ação

 

O “Último a Decidir” pretende mostrar o lado humano e estratégico da liderança. Como refere Fábio Gomes, “as melhores decisões vêm da experiência e da capacidade de aprender com quem já esteve, ou está, na linha da frente. Este podcast é um convite para refletir e, acima de tudo, para agir”.

 

Episódio de estreia com Rodrigo Magalhães Basto

 

O primeiro episódio conta com a participação de Rodrigo Magalhães Basto, Diretor de Digital Content & Social Media na Sonae MC. Com mais de 16 anos de experiência em marketing e comunicação digital, Rodrigo partilha o seu percurso desde o setor bancário até à liderança digital no retalho, destacando como a diversidade de experiências e o seu percurso como Toastmaster moldaram a sua forma de comunicar e liderar.

 

O que esperar dos próximos episódios?

  • Histórias de liderança e inovação contadas na primeira pessoa
  • Decisões difíceis e momentos de viragem
  • Reflexões sobre cultura organizacional, estratégia e storytelling
  • Um desafio final que coloca cada convidado frente a dois cenários hipotéticos
Projetos da UE: requisitos de comunicação para garantir financiamento

Projetos da UE: requisitos de comunicação para garantir financiamento

A União Europeia financia projetos de Investigação, Desenvolvimento e Inovação (I&D&I) que estejam alinhados com as suas prioridades estratégicas, como a transição digital, a sustentabilidade ambiental e a autonomia tecnológica, ou que contribuam para áreas de investigação que pretende dinamizar na Europa.

 

Além das atividades técnicas do projeto, existe financiamento específico para ações de comunicação e disseminação, que os beneficiários são obrigados a realizar com os seguintes objetivos:

  • Atrair outras organizações para explorar os resultados do projeto após o seu término, através de novas investigações ou desenvolvimentos industriais
  • Reconhecer o papel da UE no financiamento da I&D&I
  • Sensibilizar e promover o conhecimento científico na sociedade
  • Influenciar políticas públicas com base em evidências científicas

 

No entanto, estas ações devem respeitar os requisitos e regras específicas definidas pela Comissão Europeia para projetos financiados pela UE; o incumprimento pode levar à redução do financiamento a receber pelos beneficiários.

 

Como abordar as atividades de comunicação

 

As atividades de comunicação e disseminação incluem, de forma geral, a identidade visual do projeto, estratégia e monitorização das comunicações, conteúdos para web e redes sociais, brochuras, folhetos, newsletters e comunicados de imprensa, vídeos, publicações científicas e profissionais e eventos, bem como o envolvimento de partes interessadas.

 

No entanto, as ações concretas dependem do programa de financiamento, dos objetivos do projeto e dos públicos-alvo. Seguindo as especificações do convite à apresentação de propostas, as ações são definidas pelos beneficiários na proposta do projeto e ajustadas posteriormente no Grant Agreement.

 

Estas atividades são detalhadas no Plano de Comunicação e Disseminação, a submeter durante os primeiros seis meses de execução do projeto, podendo depois ser adaptadas ao longo do tempo.

 

3 pontos essenciais para garantir o financiamento

 

Para assegurar o financiamento, as ações de comunicação e disseminação devem:

  1. Cumprir os compromissos definidos no Grant Agreement e seguir o Plano de Comunicação e Disseminação, justificando devidamente qualquer desvio;
  2. Reconhecer, de forma clara, o projeto e o apoio da UE;
  3. Ser monitorizadas, guardando provas dos esforços, impacto e custos para relatórios do projeto e eventuais auditorias.

 

Além disso, ao disseminar resultados de investigação em publicações científicas com revisão por pares, deve ser sempre garantido o acesso aberto. Ou seja, permitir o acesso gratuito online à informação, incluindo o direito de ler e copiar.

 

Como reconhecer corretamente o apoio da UE

 

O modelo de Grant Agreement para Programas de Financiamento da UE 2021-2027 estipula que todas as atividades de comunicação e disseminação dos beneficiários relativas ao projeto, e financiadas pela subvenção, devem reconhecer o apoio da UE através de:

  • Exibição do emblema da UE e da declaração de financiamento;
  • Inclusão de uma cláusula de isenção de responsabilidade que isenta a UE da responsabilidade pelas opiniões e pontos de vista expressos pelos beneficiários.

 

É sempre recomendável consultar o Grant Agreement para eventuais obrigações adicionais específicas do programa ou do convite.

 

Principais requisitos para o emblema da UE

 

Existem várias orientações que devem ser cumpridas ao exibir o emblema da UE. Entre elas:

  • Utilizar somente a versão oficial do emblema, sem modificações ou substituições;
  • Exibi-lo proeminentemente, garantindo uma altura mínima de 1 cm e uma área de proteção à sua volta;
  • Usar apenas o azul corporativo e o amarelo da UE, substituíveis por branco, preto ou versões em negativo/contorno para garantir contraste suficiente;
  • Selecionar a declaração “financiado” ou “cofinanciado”, conforme a taxa de financiamento, e utilizar a versão traduzida se necessário;
  • Se for exibido junto de outros logótipos, garantir igual destaque e separação para evitar associações indevidas às instituições da UE.

 

O que devo declarar na nota de isenção da UE?

 

Embora os beneficiários estejam já obrigados a utilizar informação factual e precisa, devem ainda isentar a UE de responsabilidade pelas opiniões e visões expressas. Isto é feito através da seguinte declaração, em fonte simples e neutra como Arial, traduzida para os idiomas locais se necessário:

 

“[Financiado/Cofinanciado] pela União Europeia. As opiniões e pontos de vista expressos são, contudo, da exclusiva responsabilidade do(s) autor(es) e não refletem necessariamente os da União Europeia ou da [nome da autoridade de financiamento]. Nem a União Europeia, nem a autoridade financiadora podem ser responsabilizadas por eles.”

 

A nossa equipa de subvenções da UE conta com especialistas em comunicação e disseminação de projetos financiados pela União Europeia, bem como em redação de propostas e gestão de projetos. Contacte-nos para o ajudar!

 

IFIC: novo sistema de incentivos do PRR para reforçar a inovação e a competitividade

IFIC: novo sistema de incentivos do PRR para reforçar a inovação e a competitividade

Foi publicada a Portaria n.º 286/2025/1 (14 de agosto), que cria o Instrumento Financeiro para a Inovação e Competitividade (IFIC) no âmbito da Componente C05 – Capitalização e Inovação Empresarial do PRR. O novo sistema visa estimular o investimento privado em apoiar projetos empresariais inovadores e qualificados, promovendo a ligação entre empresas e ciência para acelerar a transição ecológica e digital.

 

O que está em causa

 

O IFIC foca-se em quatro objetivos estratégicos: reindustrializar a economia, acelerar a adoção de tecnologias emergentes (com destaque para IA), reforçar a base industrial e tecnológica de defesa e segurança e apoiar o crescimento de startups deep tech.

 

A gestão cabe ao Banco Português de Fomento (BPF), em articulação com a Estrutura de Missão “Recuperar Portugal” (EMRP), no âmbito da coordenação estratégica.

 

Linhas de apoio

 

O sistema atribui incentivos a projetos enquadrados nas seguintes linhas:

  • Reindustrializar – Diversificação da base industrial e aumento da produção de bens e serviços transacionáveis de alto valor, com valorização dos contributos climático e digital.
  • IA nas PME – Adoção de soluções de inteligência artificial por micro, pequenas e médias empresas para ganhos de eficiência e digitalização de processos.
  • Economia de Defesa e Segurança – Apoio a projetos com aplicações civis e militares, incluindo certificações, desenvolvimento de tecnologias de dupla utilização, e internacionalização, reforçando a base industrial e tecnológica nacional em setores estratégicos.
  • Ecossistema Deep Tech – Coinvestimento (capital/quase capital) em startups tecnológicas com forte componente de I&D, programa de aceleração e apoio a centros de excelência para validação e industrialização rápida de tecnologias emergentes.

 

Quem pode concorrer e onde se aplica

 

O IFIC abrange todas as regiões NUTS II do continente. Há especificidades por linha: “Reindustrializar” admite grandes empresas no continente e PME em Grande Lisboa, Península de Setúbal e Algarve; “IA nas PME” e “Economia de Defesa e Segurança” aplicam-se a PME em todas as regiões.

 

Forma de apoio e intensidades

 

Os apoios são preferencialmente não reembolsáveis, respeitando os limites máximos do Regulamento geral de isenção por categoria (RGIC) e podendo combinar diferentes categorias de auxílio quando aplicável. Em complemento, poderá haver financiamento reembolsável até 100% para despesas não elegíveis ao IFIC, através de linhas de crédito PRR implementadas pelo BPF. Não é cumulável com outros auxílios para as mesmas despesas.

 

O enquadramento de auxílios segue o RGIC e, quando aplicável, o Regulamento de minimis; na linha “IA nas PME” pode aplicar-se exclusivamente minimis nos termos a definir em Avisos de Abertura de Concurso (AAC).

 

Candidaturas e decisão

 

As candidaturas serão apresentadas por AAC e submetidas via SIGA-BF. A EMRP emite parecer até 40 dias úteis após o fecho do aviso; o BPF decide em 10 dias úteis e notifica até dois dias úteis depois.

 

Como a FI Group pode ajudar

A nossa equipa acompanha-o na elegibilidade, enquadramento de despesas, estratégia de candidatura e preparação de dossiês técnicos e financeiros para maximizar a probabilidade de aprovação e o impacto do investimento.

VSME: Um marco estratégico para a Sustentabilidade e Competitividade das empresas

VSME: Um marco estratégico para a Sustentabilidade e Competitividade das empresas

A adoção da norma VSME (Voluntary Standard for non-listed micro-, small- and medium-sized undertakings), anunciada pela Comissão Europeia a 30 de julho, marca um avanço significativo na forma como as PME comunicam o seu desempenho em matéria de sustentabilidade. Desenvolvido pela EFRAG, este referencial voluntário responde à crescente necessidade de estruturas de reporte mais acessíveis, adaptadas à realidade das empresas com até 1000 colaboradores, oferecendo uma estrutura simplificada, proporcional e digitalmente acessível para comunicar desempenho ambiental, social e de governação (ESG). 

 

Contexto e enquadramento regulatório 

 

Com a proposta legislativa “Omnibus I”, a Comissão Europeia clarificou que a CSRD se aplicará apenas a empresas com mais de 1000 colaboradores. Esta decisão visa aliviar a carga regulatória sobre as PME, reconhecendo as suas limitações de recursos. No entanto, muitas continuam a ser pressionadas por parceiros de negócio a fornecer dados ESG, frequentemente sem critérios uniformes. A VSME surge, assim, como uma solução prática para harmonizar expectativas e reduzir redundâncias. 

 

Apesar de não serem obrigadas, as PME enfrentam pressão indireta por integrarem cadeias de valor complexas. Grandes empresas, instituições financeiras e investidores continuam a solicitar dados ESG às suas contrapartes, muitas vezes sem critérios harmonizados, o que gera duplicações, custos adicionais e frustração. É neste contexto que a VSME se revela essencial: ao oferecer um referencial comum, voluntário e adaptado à realidade das PME, permite alinhar exigências, reduzir ineficiências e promover uma cultura de transparência e melhoria contínua.

 

O objetivo principal? Mitigar o chamado “trickle-down effect” (efeito de gotejamento), normalizando os pedidos de informação e promovendo uma abordagem coordenada e eficiente.

 

Estrutura modular e adaptável à maturidade das empresas 

 

A norma foi concebida com uma lógica modular, permitindo que cada empresa adote o nível de reporte mais ajustado à sua maturidade. Esta abordagem respeita a diversidade do tecido empresarial europeu e estrutura-se em dois módulos principais:

  • Módulo Básico: pensado para empresas com pouca ou nenhuma experiência em relato de sustentabilidade. Foca-se em indicadores qualitativos e descritivos, de fácil recolha e interpretação, cobrindo temas essenciais como impacto ambiental, condições laborais, ética empresarial e relação com a comunidade. 
  • Módulo Compreensivo: destinado a empresas com maior maturidade ou ambição estratégica. Inclui métricas quantitativas, alinhadas com os standards obrigatórios (ESRS), permitindo uma transição progressiva para práticas mais robustas de reporte.

 

Esta arquitetura modular permite uma adoção escalável, adaptada à realidade e capacidade de cada empresa, sem comprometer a comparabilidade e a utilidade da informação. 

 

Vantagens e desafios para as empresas ao adotar a VSME 

 

A adoção da VSME representa uma oportunidade concreta para as empresas até 1000 colaboradores se tornarem mais competitivas, resilientes e financeiramente atrativas e, assim, é relevante destacar os seguintes benefícios: 

  1. Melhoria do acesso ao financiamento sustentável: A crescente integração de critérios ESG na avaliação de risco por parte de bancos e investidores significa que empresas com práticas de reporte estruturadas têm maior probabilidade de aceder a financiamento em condições mais favoráveis. Assim, a VSME permitirá às PME apresentar a informação de forma estruturada e credível, facilitando o acesso a linhas de crédito verdes, fundos europeus e investimento responsável. 
  2. Redução de custos administrativos: Ao substituir múltiplos pedidos de informação por um único referencial harmonizado, a VSME reduz significativamente os custos de reporte e o tempo despendido pelas equipas na recolha, tratamento e por vezes, duplicação de dados e trabalho de recolha e resposta. 
  3. Fortalecimento da posição nas cadeias de valor: As empresas que adotam a VSME tornam-se parceiros preferenciais para grandes organizações sujeitas à CSRD, aumentando as suas hipóteses de manter ou conquistar contratos estratégicos, promovendo maior resiliência e viabilizando que a sua estratégia de negócio seja mais consistente a médio-longo prazo. 
  4. Gestão proativa de riscos e oportunidades: O processo de relato obriga à reflexão sobre impactes ambientais e impactos sociais e de governação, promovendo uma melhor gestão de riscos (como a forma como as organizações respondem às alterações climáticas, escassez de recursos ou rotatividade de talento, a título de exemplo) e promove a identificação de novas oportunidades de negócio/mercados. 
  5. Reputação e diferenciação no mercado: A transparência e o compromisso com a sustentabilidade são cada vez mais valorizados por clientes, colaboradores e investidores sendo, inúmeras vezes, fatores críticos de confiança. A VSME permite às PME comunicar de forma clara e estruturada o seu desempenho ESG, reforçando a sua marca e atratividade. A par, as organizações que comunicam de forma clara e consistente o seu desempenho ESG, ganham credibilidade junto de clientes, colaboradores, comunidades e reguladores, reforçando a sua reputação e legitimidade social. 

 

Mas como nem tudo são “rosas”, existem alguns desafios e pontos de reflexão que devem ser destacados na adoção da VSME. É fundamental que as empresas estejam conscientes que será um caminho, para muitas, novo e, para outas, diferente: 

  1. Capacitação interna: Pese embora a simplificação seja a palavra de ordem, o relato de sustentabilidade exige conhecimento técnico, sistemas de recolha de dados e integração com a estratégia empresarial. A formação de equipas e o apoio de consultores especializados serão determinantes para o sucesso deste exercício. 
  2.  Evitar o “greenwashing” e, idealmente, todas as formas de “greening”: A credibilidade da VSME e a sua modularidade eficiente dependerá da qualidade e veracidade da informação reportada. As empresas devem evitar declarações genéricas ou não fundamentadas, sob pena de comprometerem a sua reputação e de prestarem informação errónea ou descontextualizada.
  3. E a estratégia empresarial? O relato não deve ser um exercício isolado, mas sim parte integrante da estratégia da empresa. Só assim será possível gerar valor real e sustentável, promotor de inovação, resiliência e competitividade. 
  4. Existirá alinhamento com outras exigências regulatórias… Embora a VSME seja voluntária, deve ser vista como um instrumento de preparação para futuras obrigações. A sua adoção deve ser articulada com outras normas (como a ESRS, a Diretiva de Due Diligence ou a Taxonomia Europeia), garantindo coerência e antecipação. 
  5. Adaptação setorial: A VSME é transversal, mas algumas métricas podem não refletir as especificidades de certos setores. Será necessário um esforço adicional para adaptar os indicadores à realidade de cada empresa, sem perder a comparabilidade e, sempre que necessário, ressalvar particularidades devidamente fundamentadas e a devida contextualização para garantir a relevância da informação. 

 

Ainda assim, é sem dúvida, um passo estratégico para o futuro das PME 

 

A VSME representa um ponto de viragem, claro e paradigmático, na forma como as PME europeias se podem posicionar face à sustentabilidade. Longe de ser um mero exercício de reporte, este referencial oferece uma ferramenta estratégica para reforçar a competitividade, atrair financiamento, gerir riscos, criar valor a longo prazo e INOVAR! 

 

Num contexto de transição ecológica e transformação económica, as empresas ao adotarem a VSME estarão preparadas para responder às exigências do mercado, às expectativas dos stakeholders e às futuras obrigações regulatórias. Este é o instrumento certo, no momento certo, para que as PME europeias liderem a mudança com confiança, rigor e ambição. 

 

A Europa avança na inovação: análise ao Quadro Europeu de Inovação de 2025 (EIS)

A Europa avança na inovação: análise ao Quadro Europeu de Inovação de 2025 (EIS)

A Comissão Europeia publicou a mais recente edição do Quadro Europeu de Inovação de 2025 (EIS), confirmando uma tendência positiva a longo prazo na capacidade de inovação da UE. Desde 2018, o desempenho inovador da União Europeia cresceu 12,6%, refletindo os esforços para reforçar os ecossistemas de I&D, promover a colaboração público-privada e acelerar a digitalização. 

 

Apesar dos dados mais recentes mostrarem uma ligeira desaceleração (com uma quebra média de 0,4 pontos entre 2024 e 2025), a perspetiva global mantém-se positiva. Todos os Estados-Membros melhoraram desde 2018, com progressos especialmente notórios em países-chave como Espanha, Bélgica, Itália, Alemanha e Portugal, onde os ecossistemas de inovação continuaram a reforçar-se juntamente com um compromisso sustentado com a colaboração público-privada e a I&D orientada para as empresas. 

 

Inovação com contrastes regionais 

 

O Quadro Regional Europeu de Inovação 2025 (RIS) apresenta um cenário misto mas convergente. Entre 2018 e 2025, 233 das 241 regiões europeias melhoraram o seu desempenho em inovação, reduzindo o fosso entre as regiões mais e menos avançadas. No entanto, 82 regiões registaram uma quebra entre 2023 e 2025, sublinhando uma desaceleração recente em alguns territórios e reforçando a necessidade de políticas que promovam a competitividade em todo o território europeu. 

 

🔗 Portugal sobe no Ranking Europeu da Inovação: Grande Lisboa destaca-se

 

EIS 2025: Um instrumento estratégico para as empresas 

 

O Quadro Europeu de Inovação não é apenas um relatório estatístico; é uma ferramenta estratégica de referência para orientar políticas públicas, planear investimentos e apoiar a tomada de decisão empresarial. A sua integração na Nova Agenda Europeia de Inovação reforça ainda mais o seu papel estratégico, ajudando a reduzir disparidades entre países, promover a colaboração e acelerar a adoção de tecnologias de ponta. 

 

Apoia também iniciativas como: 

  • O Competitiveness Compass
  • A campanha Choose Europe para atrair investimento e talento
  • A futura Lei Europeia de Inovação, que utilizará estes indicadores para planear reformas e modernizar os sistemas nacionais de I&D&I

 

O que significa para a sua empresa? 

 

Num contexto de competitividade global crescente e da necessidade urgente de uma transformação sustentável, as empresas devem aproveitar os financiamentos e incentivos à inovação disponíveis. O fortalecimento do ecossistema inovador europeu cria um enquadramento favorável para: 

  • Acesso a fundos nacionais e europeus de I&D&I. 
  • Colaboração com centros de investigação e startups. 
  • Desenvolvimento de projetos inovadores que reforcem a competitividade. 

 

Na FI Group, temos equipas especializadas em diversos programas de financiamento, oferecendo apoio completo desde a conceptualização da ideia, definição do projeto e análise de mercado/estado da arte, até à promoção de parcerias e coordenação de candidaturas. 

 

Acompanhamos os nossos clientes em todo o ciclo de vida do projeto, até ao encerramento final pela administração, incluindo: 

  • Preparação de candidaturas a financiamento
  • Interação com instituições
  • Gestão de dossiers
  • Justificação de projetos
  • Apoio em auditorias

 

Comissão Europeia propõe orçamento para 2028-2034: novas oportunidades para empresas

Comissão Europeia propõe orçamento para 2028-2034: novas oportunidades para empresas

A Comissão Europeia apresentou a sua proposta para o próximo Quadro Financeiro Plurianual (QFP) 2028-2034, com um valor próximo de 2 mil milhões de euros. Este orçamento de longo prazo pretende dotar a Europa das ferramentas necessárias para enfrentar desafios estruturais e geopolíticos, como as transições verde e digital, a segurança, a defesa, a competitividade, bem como a coesão territorial e social. 

 

Neste contexto, abre-se uma janela de oportunidade para empresas, administrações públicas e centros de investigação que procurem financiamento para projetos de inovação, sustentabilidade, formação e desenvolvimento tecnológico no próximo ciclo orçamental europeu. 

 

Uma redefinição profunda para maximizar o impacto 

 

A proposta da Comissão envolve uma reformulação estrutural do orçamento da UE, tornando-o mais flexível, ágil e orientado para resultados. Uma das grandes novidades é a integração dos fundos europeus nos Planos de Parceria Nacionais e Regionais, concentrando investimentos e reformas adaptados às necessidades locais e estratégicas de cada Estado-Membro. Esta abordagem permitirá uma gestão mais ágil dos fundos, promovendo a coesão económica, social e territorial na União. 

 

🔗 Webcasts | Financiamento Europeu

 

Reforçar a Competitividade, a Inovação e a Sustentabilidade 

 

Um dos pilares do novo orçamento é o Fundo Europeu de Competitividade, dotado de 409 mil milhões de euros, que visa acelerar o investimento público-privado em setores estratégicos, como: 

  • Transição verde e descarbonização: 145 mil milhões de euros
  • Digitalização: 55 mil milhões de euros
  • Biotecnologia, saúde, agricultura e bioeconomia: 78 mil milhões de euros
  • Defesa e espaço: 131 mil milhões de euros

 

Neste âmbito, está também confirmada a continuidade do programa Horizonte Europa, com um orçamento de 175 mil milhões de euros, quase o dobro da dotação atual. Isto garante a continuidade de um dos programas de I&D&I mais reconhecidos a nível global, oferecendo financiamento para projetos em todas as fases: desde a investigação básica até à expansão de mercado. 

 

Mais Oportunidades para projetos com impacto social e territorial 

 

O novo QFP também atribui uma fatia significativa do financiamento a iniciativas que promovam a inclusão social, o desenvolvimento rural, o emprego de qualidade e o combate à pobreza. Pelo menos 14% das dotações nacionais deverão ser destinadas a reformas e investimentos nestas áreas. 

 

Além disso, será reforçado o apoio aos setores agrícola e das pescas, incluindo medidas ambientais, investimentos nas explorações, apoios a jovens agricultores e ferramentas de gestão de risco. 

 

Novas fontes de receita: Sustentabilidade e Fiscalidade Empresarial 

 

Para financiar este orçamento ambicioso sem aumentar a pressão sobre os orçamentos nacionais, a Comissão propõe um conjunto de novos recursos próprios que deverão gerar 58,5 mil milhões de euros por ano. Entre estes incluem-se: 

  • Ajustes ao Sistema de Comércio de Emissões (ETS)
  • Mecanismo de Ajustamento Carbónico Fronteiriço (CBAM)
  • Receitas provenientes de resíduos eletrónicos não recolhidos
  • Impostos especiais sobre o tabaco
  • Uma nova contribuição empresarial para grandes empresas (Recurso Empresarial para a Europa – CORE)

 

Um orçamento a pensar no futuro 

 

A proposta de QFP 2028-2034 é muito mais do que um plano financeiro. Representa um instrumento político e estratégico para reforçar a autonomia europeia, garantir uma transição digital e verde justa, proteger os cidadãos perante futuras crises e posicionar a Europa como líder global em inovação, valores democráticos e sustentabilidade. 

 

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