A adoção da norma VSME (Voluntary Standard for non-listed micro-, small- and medium-sized undertakings), anunciada pela Comissão Europeia a 30 de julho, marca um avanço significativo na forma como as PME comunicam o seu desempenho em matéria de sustentabilidade. Desenvolvido pela EFRAG, este referencial voluntário responde à crescente necessidade de estruturas de reporte mais acessíveis, adaptadas à realidade das empresas com até 1000 colaboradores, oferecendo uma estrutura simplificada, proporcional e digitalmente acessível para comunicar desempenho ambiental, social e de governação (ESG).
Com a proposta legislativa “Omnibus I”, a Comissão Europeia clarificou que a CSRD se aplicará apenas a empresas com mais de 1000 colaboradores. Esta decisão visa aliviar a carga regulatória sobre as PME, reconhecendo as suas limitações de recursos. No entanto, muitas continuam a ser pressionadas por parceiros de negócio a fornecer dados ESG, frequentemente sem critérios uniformes. A VSME surge, assim, como uma solução prática para harmonizar expectativas e reduzir redundâncias.
Apesar de não serem obrigadas, as PME enfrentam pressão indireta por integrarem cadeias de valor complexas. Grandes empresas, instituições financeiras e investidores continuam a solicitar dados ESG às suas contrapartes, muitas vezes sem critérios harmonizados, o que gera duplicações, custos adicionais e frustração. É neste contexto que a VSME se revela essencial: ao oferecer um referencial comum, voluntário e adaptado à realidade das PME, permite alinhar exigências, reduzir ineficiências e promover uma cultura de transparência e melhoria contínua.
O objetivo principal? Mitigar o chamado “trickle-down effect” (efeito de gotejamento), normalizando os pedidos de informação e promovendo uma abordagem coordenada e eficiente.
A norma foi concebida com uma lógica modular, permitindo que cada empresa adote o nível de reporte mais ajustado à sua maturidade. Esta abordagem respeita a diversidade do tecido empresarial europeu e estrutura-se em dois módulos principais:
Esta arquitetura modular permite uma adoção escalável, adaptada à realidade e capacidade de cada empresa, sem comprometer a comparabilidade e a utilidade da informação.
A adoção da VSME representa uma oportunidade concreta para as empresas até 1000 colaboradores se tornarem mais competitivas, resilientes e financeiramente atrativas e, assim, é relevante destacar os seguintes benefícios:
Mas como nem tudo são “rosas”, existem alguns desafios e pontos de reflexão que devem ser destacados na adoção da VSME. É fundamental que as empresas estejam conscientes que será um caminho, para muitas, novo e, para outas, diferente:
A VSME representa um ponto de viragem, claro e paradigmático, na forma como as PME europeias se podem posicionar face à sustentabilidade. Longe de ser um mero exercício de reporte, este referencial oferece uma ferramenta estratégica para reforçar a competitividade, atrair financiamento, gerir riscos, criar valor a longo prazo e INOVAR!
Num contexto de transição ecológica e transformação económica, as empresas ao adotarem a VSME estarão preparadas para responder às exigências do mercado, às expectativas dos stakeholders e às futuras obrigações regulatórias. Este é o instrumento certo, no momento certo, para que as PME europeias liderem a mudança com confiança, rigor e ambição.
A Comissão Europeia publicou a mais recente edição do Quadro Europeu de Inovação de 2025 (EIS), confirmando uma tendência positiva a longo prazo na capacidade de inovação da UE. Desde 2018, o desempenho inovador da União Europeia cresceu 12,6%, refletindo os esforços para reforçar os ecossistemas de I&D, promover a colaboração público-privada e acelerar a digitalização.
Apesar dos dados mais recentes mostrarem uma ligeira desaceleração (com uma quebra média de 0,4 pontos entre 2024 e 2025), a perspetiva global mantém-se positiva. Todos os Estados-Membros melhoraram desde 2018, com progressos especialmente notórios em países-chave como Espanha, Bélgica, Itália, Alemanha e Portugal, onde os ecossistemas de inovação continuaram a reforçar-se juntamente com um compromisso sustentado com a colaboração público-privada e a I&D orientada para as empresas.
O Quadro Regional Europeu de Inovação 2025 (RIS) apresenta um cenário misto mas convergente. Entre 2018 e 2025, 233 das 241 regiões europeias melhoraram o seu desempenho em inovação, reduzindo o fosso entre as regiões mais e menos avançadas. No entanto, 82 regiões registaram uma quebra entre 2023 e 2025, sublinhando uma desaceleração recente em alguns territórios e reforçando a necessidade de políticas que promovam a competitividade em todo o território europeu.
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O Quadro Europeu de Inovação não é apenas um relatório estatístico; é uma ferramenta estratégica de referência para orientar políticas públicas, planear investimentos e apoiar a tomada de decisão empresarial. A sua integração na Nova Agenda Europeia de Inovação reforça ainda mais o seu papel estratégico, ajudando a reduzir disparidades entre países, promover a colaboração e acelerar a adoção de tecnologias de ponta.
Apoia também iniciativas como:
Num contexto de competitividade global crescente e da necessidade urgente de uma transformação sustentável, as empresas devem aproveitar os financiamentos e incentivos à inovação disponíveis. O fortalecimento do ecossistema inovador europeu cria um enquadramento favorável para:
Na FI Group, temos equipas especializadas em diversos programas de financiamento, oferecendo apoio completo desde a conceptualização da ideia, definição do projeto e análise de mercado/estado da arte, até à promoção de parcerias e coordenação de candidaturas.
Acompanhamos os nossos clientes em todo o ciclo de vida do projeto, até ao encerramento final pela administração, incluindo:
A Comissão Europeia apresentou a sua proposta para o próximo Quadro Financeiro Plurianual (QFP) 2028-2034, com um valor próximo de 2 mil milhões de euros. Este orçamento de longo prazo pretende dotar a Europa das ferramentas necessárias para enfrentar desafios estruturais e geopolíticos, como as transições verde e digital, a segurança, a defesa, a competitividade, bem como a coesão territorial e social.
Neste contexto, abre-se uma janela de oportunidade para empresas, administrações públicas e centros de investigação que procurem financiamento para projetos de inovação, sustentabilidade, formação e desenvolvimento tecnológico no próximo ciclo orçamental europeu.
A proposta da Comissão envolve uma reformulação estrutural do orçamento da UE, tornando-o mais flexível, ágil e orientado para resultados. Uma das grandes novidades é a integração dos fundos europeus nos Planos de Parceria Nacionais e Regionais, concentrando investimentos e reformas adaptados às necessidades locais e estratégicas de cada Estado-Membro. Esta abordagem permitirá uma gestão mais ágil dos fundos, promovendo a coesão económica, social e territorial na União.
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Um dos pilares do novo orçamento é o Fundo Europeu de Competitividade, dotado de 409 mil milhões de euros, que visa acelerar o investimento público-privado em setores estratégicos, como:
Neste âmbito, está também confirmada a continuidade do programa Horizonte Europa, com um orçamento de 175 mil milhões de euros, quase o dobro da dotação atual. Isto garante a continuidade de um dos programas de I&D&I mais reconhecidos a nível global, oferecendo financiamento para projetos em todas as fases: desde a investigação básica até à expansão de mercado.
O novo QFP também atribui uma fatia significativa do financiamento a iniciativas que promovam a inclusão social, o desenvolvimento rural, o emprego de qualidade e o combate à pobreza. Pelo menos 14% das dotações nacionais deverão ser destinadas a reformas e investimentos nestas áreas.
Além disso, será reforçado o apoio aos setores agrícola e das pescas, incluindo medidas ambientais, investimentos nas explorações, apoios a jovens agricultores e ferramentas de gestão de risco.
Para financiar este orçamento ambicioso sem aumentar a pressão sobre os orçamentos nacionais, a Comissão propõe um conjunto de novos recursos próprios que deverão gerar 58,5 mil milhões de euros por ano. Entre estes incluem-se:
A proposta de QFP 2028-2034 é muito mais do que um plano financeiro. Representa um instrumento político e estratégico para reforçar a autonomia europeia, garantir uma transição digital e verde justa, proteger os cidadãos perante futuras crises e posicionar a Europa como líder global em inovação, valores democráticos e sustentabilidade.