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O impulso europeu para as energias renováveis

O impulso europeu para as energias renováveis

A União Europeia está na vanguarda da transição mundial para as energias renováveis. Com objetivos ambiciosos estabelecidos no âmbito do Pacto Ecológico Europeu, a UE pretende tornar-se o primeiro continente com impacto neutro no clima até 2050. Este esforço é apoiado por várias iniciativas de financiamento de subvenções, projetos inovadores e a integração de tecnologias avançadas. A FI Group desempenha um papel crucial ao ajudar as empresas a aceder a estas oportunidades de financiamento para atingir os seus objetivos em matéria de energias renováveis.

Iniciativas de financiamento de subvenções da UE

A UE estabeleceu vários mecanismos de financiamento para apoiar projetos de energias renováveis:

Fundo de Coesão: Tem como objetivo reduzir as disparidades económicas e sociais entre os países da UE e promover o desenvolvimento sustentável, apoiando projetos que reduzam as emissões de gases com efeito de estufa, aumentem a utilização de energias renováveis e melhorem a eficiência energética.

Mecanismo Interligar a Europa (CEF): Com um orçamento de 42,3 mil milhões de euros para 2021-2027, este Mecanismo apoia investimentos em energia, transportes e infraestruturas digitais, com 8,7 mil milhões de euros atribuídos especificamente a projetos de energia.

Banco Europeu de Investimento (BEI): Concede empréstimos e instrumentos financeiros para financiar projetos no domínio da energia e lançou a Plataforma Europeia de Aconselhamento ao Investimento para oferecer aconselhamento e conhecimentos especializados sobre o desenvolvimento de projetos.

Fundo Europeu para Investimentos Estratégicos (FEIE): Mobiliza o investimento privado em projetos de importância estratégica, incluindo as energias renováveis, as redes elétricas e a eficiência energética.

Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (FEDER): Financia programas para tornar a Europa mais competitiva, mais ecológica e mais próxima dos cidadãos, apoiando investimentos em energias renováveis e eficiência energética.

Horizonte Europa: Um programa de financiamento da investigação e inovação que investe cerca de 5,6 mil milhões de euros para apoiar o Pacto Ecológico Europeu e acelerar a transição para as energias limpas.

Vários projetos têm beneficiado de subvenções da UE. Por exemplo, em 2025, o Fundo de Inovação apoiou 77 projetos de descarbonização em 18 países europeus. Estes projetos visam reduzir as emissões em cerca de 397,6 milhões de toneladas de equivalente CO2 nos primeiros dez anos de funcionamento. O programa Horizonte Europa financiou numerosos projetos no âmbito do Cluster 5 “Clima, Energia e Mobilidade” para apoiar a iniciativa REPowerEU.

A UE também concede subvenções aos agregados familiares para que adoptem iniciativas no domínio da energia verde:

Mecanismo de Recuperação e Resiliência: Dedica 184 mil milhões de euros a medidas relacionadas com a energia, com 106,5 mil milhões de euros afetados a medidas de eficiência energética em edifícios públicos e residenciais, incluindo habitação social.

Fundos da política de coesão: Apoiam renovações de edifícios eficientes do ponto de vista energético, incluindo o isolamento, a recuperação de calor e a digitalização dos sistemas de construção.

O papel das tecnologias digitais

As tecnologias digitais são cada vez mais importantes no setor das energias renováveis. As redes inteligentes, por exemplo, utilizam a tecnologia de comunicação digital para detetar e reagir a alterações locais na utilização, melhorando a eficiência e a fiabilidade da distribuição de eletricidade. Além disso, a Internet das Coisas (IoT) permite uma melhor gestão da energia através da ligação de dispositivos e sistemas, permitindo a monitorização em tempo real e a otimização da utilização de energia.

Na FI Group, apoiamos as empresas a navegar no complexo panorama das oportunidades de financiamento. Prestamos consultoria especializada, analisamos os projetos das empresas, desenvolvemos estratégias, prestamos assistência na apresentação de candidaturas e gerimos projetos para garantir o desembolso bem-sucedido dos fundos. A experiência da FI Group no acesso a estas oportunidades de financiamento garante que as empresas possam participar com êxito para os objetivos europeus em matéria de energias renováveis, promovendo um futuro sustentável e neutro para o clima.

Relatório Draghi: Sustentabilidade como Pilar da Competitividade Europeia

Relatório Draghi: Sustentabilidade como Pilar da Competitividade Europeia

A competitividade da Europa depende da sua capacidade de integrar a sustentabilidade como eixo central da estratégia económica.

A Comissão Europeia confiou a Mario Draghi a missão de repensar a competitividade europeia face aos desafios geopolíticos e tecnológicos. O relatório, apresentado em 2024, traça um diagnóstico claro da crescente distância entre a União Europeia, os Estados Unidos e a China em áreas como inovação, produtividade e investimento.

O documento identifica três prioridades fundamentais:

  1. Colmatar o défice de inovação face aos principais concorrentes globais;
  2. Alinhar a agenda de descarbonização com os objetivos de competitividade;
  3. Reduzir a dependência europeia de países terceiros no acesso a recursos e tecnologias críticas.

Para atingir estes objetivos, propõe-se um investimento anual entre 750 e 800 mil milhões de euros (equivalente a 4–5% do PIB da UE), centrado numa política industrial comum, numa transição energética competitiva e numa maior autonomia estratégica. Esta abordagem visa garantir à Europa um papel relevante numa economia global em rápida transformação.

O relatório aponta ainda vários obstáculos à resiliência económica europeia, com destaque para o excesso de regulamentação, especialmente no cumprimento das normas ambientais, sociais e de governação (ESG). A simplificação destes quadros é considerada essencial para fomentar a inovação sem comprometer o crescimento económico.

Intitulado “The Future of European Competitiveness”, o relatório propõe uma reconfiguração profunda do modelo económico europeu. Entre as recomendações, destacam-se o aprofundamento do mercado único, o incentivo ao investimento em tecnologias verdes e críticas, e a simplificação do acesso ao financiamento, nomeadamente através de dívida europeia conjunta.

A sustentabilidade é apresentada não apenas como um imperativo ético, moral ou ambiental, mas como um eixo estratégico para relançar a competitividade da UE num contexto de transição energética, pressão geopolítica e transformação tecnológica. O relatório reforça que sustentabilidade e competitividade não são conceitos opostos, mas sim complementares.

Apesar de funcionar como um guia estratégico, o plano enfrenta desafios significativos: divergências entre Estados-membros, ausência de mecanismos robustos de participação cidadã e uma ambição climática ainda tímida. Falta também garantir que os investimentos sejam orientados para metas climáticas ambiciosas, em linha com o Acordo de Paris, e não dispersos em iniciativas economicamente reativas.

O futuro da Europa dependerá da sua capacidade de transformar a transição verde numa vantagem estratégica, assegurando coerência regulatória, equidade territorial e compromisso político com uma economia verdadeiramente sustentável. O reposicionamento da UE no cenário global exige a resolução de ineficiências regulamentares, investimento em setores-chave e maior alinhamento entre iniciativas públicas e privadas.

Sem vontade política real, justiça territorial e compromisso democrático, este plano corre o risco de se tornar apenas mais um documento ambicioso a ganhar pó nas gavetas de Bruxelas.

Wearable Technology: Integrar a saúde e o bem-estar na vida quotidiana

Wearable Technology: Integrar a saúde e o bem-estar na vida quotidiana

Já se cruzou com o termo Wearable Technology, em português, “tecnologia vestível”? Embora possa parecer futurista, tornou-se parte integrante da nossa vida quotidiana, seja na saúde, no lazer ou no trabalho.

Os smartwatches foram a porta de entrada para um ecossistema mais vasto de dispositivos portáteis concebidos para atuar como companheiros constantes do nosso corpo. Estes incluem pulseiras de monitorização da saúde, anéis inteligentes e rastreadores de fitness, todos destinados a monitorizar os sinais vitais em tempo real. Os utilizadores podem monitorizar facilmente a sua saúde cardiovascular durante os treinos e as atividades diárias.

Muitos dispositivos portáteis também analisam os padrões de sono, oferecendo informações sobre a qualidade do sono através da medição da duração, das fases do sono (leve, profundo e REM) e dos distúrbios. Estes dados auxiliam os utilizadores a fazer ajustes informados para melhorar o descanso. Além disso, as funcionalidades de monitorização da tensão arterial apoiam a gestão da hipertensão e a saúde geral do coração.

Equipados com acelerómetros e giroscópios, estes dispositivos monitorizam com precisão a atividade física – contando passos, estimando as calorias queimadas e monitorizando vários tipos de exercício. A funcionalidade de GPS integrada permite aos utilizadores mapear percursos e controlar distâncias durante atividades ao ar livre, como corrida, ciclismo ou caminhadas.

Os wearables modernos também incluem ferramentas de gestão do stress, como exercícios de respiração guiados e lembretes de atenção plena. Os alertas de hidratação e de movimento incentivam ainda mais os hábitos diários saudáveis.

Principais funções da Tecnologia Vestível

  • Fitness e Bem-estar: Ideais para os entusiastas da boa forma física, as tecnologias “wearables” oferecem funcionalidades como localização por GPS, contagem de passos, monitorização de calorias e programas de treino personalizados.
  • Entretenimento e personalização: Dispositivos como os auscultadores VR proporcionam experiências imersivas, enquanto os smartwatches permitem aos utilizadores personalizar os mostradores e as definições do relógio.
  • Segurança e apoio de emergência: Alguns wearables detetam quedas ou atividade invulgar e podem alertar os contactos de emergência, tranquilizando os utilizadores e as suas famílias.
  • Acessibilidade e conveniência: Os smartwatches permitem que os utilizadores verifiquem mensagens, e-mails e façam chamadas sem terem de pegar no telemóvel – simplificando as tarefas diárias.
  • Aumento da produtividade: Com acesso instantâneo a notificações e informações importantes, os utilizadores podem manter-se concentrados sem interrupções frequentes do smartphone.

Exemplos de tecnologia vestível

Joalharia inteligente: Inclui anéis, óculos, pulseiras e relógios inteligentes. Estes dispositivos compactos ligam-se a aplicações de smartphones para facilitar a interação e o rastreio de dados.

Rastreadores de fitness: Normalmente usados no pulso, na cabeça ou no peito, estes dispositivos monitorizam a atividade física e os sinais vitais, sincronizando-se com aplicações para análise de dados e acompanhamento de objetivos.

Auriculares de realidade aumentada (AR): Sobrepõem conteúdo digital ao mundo real, permitindo aos utilizadores interagir com ambientes físicos e virtuais.

Vestuário inteligente: Incorporado com sensores, o vestuário inteligente pode monitorizar métricas de saúde, interagir com dispositivos e adaptar-se a condições ambientais ou específicas do utilizador.

Assistentes virtuais vestíveis: Dispositivos como o Bee e o Omi ligam-se ao vestuário e respondem a comandos de voz ou gestos. Oferecem funcionalidades como a tradução, o controlo da condição física e a automatização de tarefas.

Aparelhos auditivos com IA: Estes dispositivos inteligentes filtram o ruído de fundo e ajustam-se automaticamente ao ambiente do utilizador. Muitos também suportam a transmissão de áudio, a tradução e o controlo da condição física.

O futuro da tecnologia vestível

À medida que a sensibilização do público para a saúde e o bem-estar aumenta, a tecnologia vestível tornou-se uma ferramenta vital para a gestão da saúde pessoal. Estes dispositivos permitem aos utilizadores definir e atingir objetivos de fitness, obter informações em tempo real sobre a saúde e adotar estilos de vida mais saudáveis.

Com os avanços contínuos, a tecnologia wearable continuará a moldar o futuro, tornando-se mais segura, eficiente e acessível a todos.

Principais conclusões

A tecnologia wearable inclui dispositivos como smartwatches, bandas de fitness e anéis inteligentes que ajudam os utilizadores a gerir a sua saúde e as suas rotinas diárias.

Estes dispositivos permitem a monitorização em tempo real de indicadores de saúde como o ritmo cardíaco, os padrões de sono e a tensão arterial, ajudando a saúde cardiovascular e a qualidade do sono.

Os wearables oferecem uma vasta gama de funcionalidades, incluindo o acompanhamento da forma física, alertas de segurança e ferramentas de gestão do stress, apoiando o bem-estar físico e mental.

Os exemplos incluem joalharia inteligente, rastreadores de fitness, auscultadores de realidade aumentada, vestuário inteligente, assistentes virtuais portáteis e aparelhos auditivos alimentados por IA.

Outrora uma novidade, a tecnologia wearable tornou-se uma ferramenta essencial para atingir objetivos de fitness e manter um estilo de vida equilibrado.

 

 

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Reconhecimento do Estatuto de Startup e Scale Up

Reconhecimento do Estatuto de Startup e Scale Up

A Lei n.º 21/2023, de 25 de maio, que definiu os conceitos legais de Startup e Scale up e estabeleceu o regime de reconhecimento do seu estatuto visa permitir às empresas que cumpram com certos requisitos obterem uma certificação em relação ao seu estatuto de Startup ou Scaleup.

Ao terem o seu estatuto reconhecido as empresas conseguem consolidar a sua imagem no mercado e aceder a um conjunto de vantagens consideráveis. A diferenciação entre Startup e Scaleup está assente nos requisitos que cada entidade apresenta.

Ao nível do estatuto de Startup, as empresas necessitam de preencher alguns requisitos, onde se destacam:

  • Ser uma entidade legalmente constituída em Portugal;
  • Ter menos de 10 anos;
  • Ter menos de 250 colaboradores e menos de 50 milhões de faturação;
  • Não ser produto de uma cisão ou transformação ou cisão de uma grande empresa, não tendo no seu capital uma participação maioritária direta ou indireta de uma grande empresa;

As empresas que possuam mais de 10 anos e apresentem mais de 250 colaboradores ou 50 milhões de faturação, existe a possibilidade de requerer o estatuto de Scale Up, caso estejam habilitadas para receber profissionais ao abrigo do Tech Visa e se cumprirem as restantes condições da Lei.

Para além destas condições destaca-se ainda a necessidade de as empresas cumprirem com um dos seguintes pontos (para ambos os estatutos):

  • Ser uma empresa inovadora com um elevado potencial de crescimento, com um modelo de negócio, produtos ou serviços inovadores, e que tenha sido reconhecida idoneidade pela ANI – Agência Nacional de Inovação, S. A., na prática de atividades de investigação e desenvolvimento ou certificação do processo de reconhecimento de empresas do setor da tecnologia;
  • Ter concluído, pelo menos, uma ronda de financiamento de capital de risco;
  • Ter recebido investimento do Banco Português de Fomento, S. A., ou de fundos geridos por este, ou por empresas suas participadas, ou de um dos seus instrumentos de capital ou quase capital.

A obtenção deste reconhecimento para além de reforçar a competitividade e imagem das empresas permite às mesmas aceder a um conjunto de vantagens fulcrais para o seu crescimento e desenvolvimento, nomeadamente:

De referir ainda que o estatuto é válido por 3 anos, com renovação automática, desde que os critérios continuem a ser cumpridos. A Startup Portugal pode verificar a qualquer momento se os requisitos continuam a ser cumpridos, sendo que o estatuto pode ser cessado ou anulado em caso de incumprimento ou falsas declarações.

Importa referir que até à data já foram reconhecidas 335 empresas em Portugal das quais 329 dizem respeito a Startups e 6 correspondem ao esatuto de Scaleup segundo os dados disponibilizados pela StartUp Portugal.

O crescimento de empresas a obter este reconhecimento tem-se acentuado no último ano fruto de todas as medidas que têm sido lançadas tendo em vista o dinamismo das StartUps e do potencial que as mesmas podem apresentar para o crescimento do tecido empresarial através de um impacto significativo a nível de economia, tecnologia e outras vertentes.

Vale assim a pena relembrar que recentemente a Comissão Europeia identificou que Portugal necessitava de políticas públicas mais eficazes como base para um posicionamento sólido a nível de inovação e empreendedorismo no continente europeu. Assim, as Startups desempenham um papel fundamental nesta estratégia, sendo o reconhecimento do seu estatuto uma peça que pode ajudar a cimentar o crescimento pretendido.

Neste contexto importa destacar assim algumas das medidas previstas no plano da comissão europeia, nomeadamente:

  • Desburocratização e digitalização de processos através da criação de balcões únicos digitais para startups, com decisões rápidas e transparentes;
  • Criação de um fundo nacional robusto e atrativo, cofinanciado com o setor privado e focado em deep-tech, IA e economia circular;
  • Lançamento de um programa nacional para apoio a startups académicas com bolsas e mentoring, criando pontes entre universidades e mercado, denominado “EXIST Portugal”;
  • Reforma de programas de formação e reconversão profissional, alinhando-os às competências digitais, tecnológicas e verdes;
  • Aprovação de vistos tecnológicos ágeis e pacotes de atração de talento;
  • Implementação de indicadores claros de sucesso e impacto, realizando uma monitorização contínua para garantir políticas públicas eficazes e ajustáveis;
  • Expansão do ecossistema para além de Lisboa e Porto através do desenvolvimento de hubs regionais fortes e diversificados, capazes de dinamizar a economia local.

Para uma consulta mais detalhada do documento pode-se aceder a Public policies for startups – European Commission.

As StartUps ocupam cada vez mais um papel crucial para o crescimento nacional sendo fundamental dotar as mesmas de ferramentas que lhes permitam contribuir de forma ativa para as metas definidas.

 

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10 Boas Práticas para uma boa gestão dos projetos PT2030

10 Boas Práticas para uma boa gestão dos projetos PT2030

O verdadeiro sucesso de um projeto de investimento vai além da sua mera aprovação, ele reside, de facto, numa execução eficaz!

A atribuição de apoios é regida por um conjunto de normas e procedimentos que devem ser rigorosamente seguidos. O cumprimento dessas regras são essenciais para garantir que os beneficiários tenham a certeza da elegibilidade dos seus investimentos após a aprovação das candidaturas.

Posto isto, é fundamental que os beneficiários estejam familiarizados com 10 boas práticas para uma boa gestão dos projetos, nomeadamente:

1 – Elaboração de um dossier de projeto eficaz

A criação de um dossier digital do projeto é uma etapa fundamental para garantir a transparência e a organização de todas as informações relevantes, desde a candidatura até ao encerramento do projeto. Este dossier deve compilar todos os documentos técnicos, contabilísticos e financeiros, assegurando que estejam sempre atualizados e prontos para auditorias que possam ocorrer.

Além disso, é imperativo conservar todas as evidências documentais que comprovem o cumprimento das regras desde o início. Esta documentação será crucial para demonstrar a conformidade ao longo do processo.

2 – Conhecimento das Regras e Obrigações

Para garantir o sucesso do projeto, é fundamental seguir algumas diretrizes essenciais. Primeiramente, é importante estudar atentamente os regulamentos, guias de apoio, FAQs e orientações disponíveis no website do programa.

É igualmente importante ler atentamente o Termo de Aceitação, pois este contém informações vitais sobre as obrigações e responsabilidades que os beneficiários devem cumprir.

Por fim, deve-se ter em atenção todos os prazos definidos anteriormente, sendo que qualquer alteração relevante, deve ser comunicada, tais como, mudança de morada, prazos, entre outros. Qualquer alteração aos pressupostos de aprovação da candidatura deve ser previamente autorizada, sendo que o incumprimento dessas diretrizes pode levar à redução ou devolução de incentivo.

3 – Regras de Publicitação

A divulgação do apoio dos fundos europeus é uma exigência imprescindível em todas as ações do projeto, assegurando que a contribuição da União Europeia e do programa específico seja devidamente reconhecida. Para isso, é fundamental utilizar os logótipos oficiais do PT2030, da União Europeia e do programa específico em todos os materiais de comunicação. A barra de cofinanciamento deve ser aplicada em materiais de comunicação, websites, cartazes e vídeos, entre outros.

Além de garantir a correta aplicação dos logótipos oficiais, é igualmente importante guardar provas visuais como evidência de cumprimento das normas, tais como, fotografias, capturas de ecrã, hiperligações.

Importa referir que o incumprimento das regras de publicitação pode levar à diminuição do incentivo. Assim sendo, ter em atenção as diretrizes estabelecidas não é apenas uma questão de conformidade, mas também uma maneira de salvaguardar os recursos financeiros do projeto.

4 – Fontes de Financiamento

É fundamental que os beneficiários tenham em atenção as fontes de financiamento aprovadas em sede de candidatura. A manutenção dessas fontes de financiamento é essencial para garantir a conformidade e a viabilidade financeira dos projetos aprovados no âmbito do PT2030. Qualquer alteração nas fontes de financiamento deve ser cuidadosamente considerada, assegurando que apenas fontes de financiamento elegíveis sejam utilizadas.

Além disso, é importante cumprir os requisitos legais mínimos de financiamento próprio, quando aplicável, para garantir que o projeto esteja em conformidade com as diretrizes estabelecidas. Esta atenção aos detalhes é crucial para o sucesso e a sustentabilidade do projeto ao longo da sua execução.

5 – Aquisições em Condições de Mercado

Todas as aquisições devem ser realizadas junto de entidades independentes, que não tenham qualquer relação com o beneficiário do projeto. É fundamental demonstrar que os preços dos investimentos realizados estão em conformidade com as condições de mercado. Para tal, recomenda-se a obtenção de pelo menos 3 orçamentos por investimento, a realização de consultas ao mercado e a conservação dos respetivos comprovativos.

Além disso, é imperativo registar os critérios de seleção dos fornecedores e manter arquivados todos os contratos, propostas e orçamentos associados.

É essencial guardar todos os documentos relacionados com o processo de aquisição, pois estes serão necessários para fins de auditoria e para assegurar a conformidade com as normas estabelecidas.

6 – Prazo de Execução

As despesas afetas ao projeto devem estar rigorosamente alinhadas com o período de elegibilidade estabelecido no contrato. É fundamental que tais despesas sejam adjudicadas e executadas apenas após a data de submissão da candidatura ou pedido de auxílio (quando aplicável). Para comprovar a conformidade, é imprescindível apresentar evidências que comprovem que o investimento teve início somente após a submissão da candidatura.

Adicionalmente, é importante ressalvar que não devem ser realizadas despesas após a data de conclusão do projeto. Para assegurar a viabilidade e a transparência do processo, é necessário demonstrar que o projeto começou efetivamente nos primeiros 90 dias úteis após a data da decisão final.

Os prazos para a comprovação das despesas devem ser cumpridos de forma rigorosa, garantindo que toda a documentação necessária seja apresentada dentro dos períodos estipulados.

Por fim, é essencial garantir uma resposta apropriada e pontual a quaisquer solicitações de esclarecimento que possam emergir durante a execução do projeto.

7 – Plano de Investimento e Alterações

É imperativo que se evitem quaisquer alterações de fundo ou ajustes significativos no projeto, uma vez que essas mudanças podem comprometer os objetivos fundamentais que justificaram a aprovação da candidatura. A integridade dos objetivos inicialmente propostos é crucial para o sucesso do projeto e para a manutenção do apoio financeiro aprovado. Modificações que alterem substancialmente o que estava inicialmente aprovado podem, inclusive, levar à reavaliação do seu mérito, o que não coloca apenas em risco a viabilidade do projeto, mas também pode resultar em consequências financeiras adversas para o beneficiário.

Posto isto, é essencial que todas as alterações relevantes sejam comunicadas com antecedência. Essa comunicação prévia permitirá uma avaliação oportuna dos impactos potenciais das mudanças propostas, facilitando o diálogo entre o beneficiário e os organismos. Uma análise cuidadosa dessas modificações ajudará a identificar quaisquer riscos associados e a desenvolver estratégias para mitigá-los.

Além disso, esta prática de transparência e proatividade assegura que o beneficiário possa continuar a realizar os seus investimentos com a segurança necessária em relação à elegibilidade das despesas. Ao manter um alinhamento claro com os objetivos originais do projeto e ao comunicar quaisquer ajustes de forma antecipada, o beneficiário não só protege o seu investimento, mas também fortalece a sua reputação como uma entidade responsável e comprometida com a execução bem-sucedida do projeto.

8 – Preparação dos Pedidos de Pagamento

No âmbito dos pedidos de pagamento, o beneficiário deverá apresentar um conjunto de documentos relativos a cada uma das despesas realizadas. O pedido de pagamento deve ser submetido apenas quando toda a documentação necessária estiver devidamente reunida e organizada.

Na fundamentação do pedido de pagamento, é fundamental, caso aplicável, apresentar uma descrição clara e detalhada de eventuais desvios face ao inicialmente previsto em candidatura. Essa descrição deve evidenciar as situações específicas que ocorreram ao longo do desenvolvimento do projeto e que possam justificar tais desvios. Exemplos de situações a serem abordadas incluem, mas não se limitam, a:

  • Substituição de Equipamentos: Detalhar qualquer troca de equipamentos que tenha sido necessária e os motivos que levaram a essa decisão.
  • Alterações ao Calendário: Justificar quaisquer mudanças no cronograma, bem como o impacto dessas alterações no desenvolvimento do projeto.
  • Variações de Preços: Justificar quaisquer variações nos preços dos materiais ou serviços contratados, incluindo fatores externos que possam ter influenciado esses custos.
  • Novos Investimentos: Descrever quaisquer novos investimentos realizados que não estavam previstos inicialmente e que contribuíram para o avanço do projeto.

Ao apresentar estes elementos, o pedido de pagamento não apenas se torna mais robusto, mas também facilita a análise e aprovação por parte das entidades responsáveis, garantindo maior transparência e clareza no processo.

9 – Objetivos e Resultados

Os projetos são selecionados aleatoriamente, podendo ocorrer mais do que uma auditoria, em diferentes fases do projeto. Esta vigilância constante não apenas permite uma avaliação precisa do desempenho do beneficiário em relação às suas metas, mas também proporciona uma base sólida para a tomada de decisões estratégicas.

Ao identificar desvios em relação aos objetivos predefinidos, o beneficiário pode agir de forma proativa para corrigir essas discrepâncias. Isso envolve a análise detalhada dos fatores que contribuem para os desvios, permitindo a implementação de medidas corretivas eficazes.

Através de um acompanhamento sistemático e rigoroso, o beneficiário poderá não apenas atingir os seus objetivos, mas também superar as expectativas.

10 – Auditoria

Estamos diante de uma fase crítica de todo o processo, onde será realizada uma auditoria abrangente de todas as fases do ciclo de um projeto. Este processo não apenas analisará os procedimentos já estabelecidos, mas também incluirá uma reanálise minuciosa de todos os aspetos, mesmo aqueles que já foram analisados durante a fase de execução do projeto, nomeadamente pedidos de reembolso e respetivos pedidos de esclarecimento.

É importante referir que, nesta reavaliação, decisões previamente tomadas podem ser reconsideradas. Isso significa que tanto a elegibilidade quanto a não elegibilidade de despesas poderão ser revertidas com base nas novas análises. Portanto, é imprescindível que todos os envolvidos estejam cientes da seriedade desta fase e da necessidade de uma colaboração total para garantir a transparência e a precisão das informações.

Os trabalhos de acompanhamento revelam-se assim fundamentais para garantir não apenas o sucesso, mas também a qualidade dos projetos financiados. Este processo de monitorização é crucial, pois permite identificar eventuais desvios face aos objetivos e metas estabelecidas.

Além disso, um acompanhamento eficaz possibilita a implementação de correções necessárias de forma oportuna e atempada, assegurando que os projetos permaneçam alinhados com os seus objetivos iniciais. Ao facilitar a deteção antecipada de problemas, o acompanhamento contribui para a otimização de recursos e para a mitigação de potenciais riscos.

Para ficar a par das oportunidades de financiamento, pode ainda consultar o Plano de Avisos do Portugal 2030 atualizado, de forma resumida, com todas as datas de abertura e encerramento das próximas convocatórias.

 

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PADR e IFVS na redução das desigualdades salariais: um dever, uma oportunidade estratégica ou ambos?

PADR e IFVS na redução das desigualdades salariais: um dever, uma oportunidade estratégica ou ambos?

A desigualdade continua a ser um desafio significativo em muitos setores, refletindo-se ainda na existência de disparidades salariais entre trabalhadores com funções similares, tal como a existência de distanciamentos bastante elevados entre as remunerações superiores e inferiores. Assim, as desigualdades salariais existem, e embora se verifique um caminho para a sua diminuição num contexto europeu e, em particular no caso de Portugal, são ainda uma realidade em muitas empresas e setores.

No que concerne à igualdade salarial de trabalhadores que desempenham as mesmas funções, esta constitui inclusive um direito fundamental e uma obrigatoriedade dos empregadores, além da componente de garantia de um ambiente de trabalho inclusivo, igualitário e meritocrático, a remuneração igual para trabalho igual.

Importa ainda referir que, o conceito de desigualdade salarial entre género é mais vasto do que a simples diferença salarial em função do cargo. Esta disparidade entre homens e mulheres reflete, muitas vezes, as barreiras que as mulheres enfrentam para progredir nas suas carreiras, mesmo que ocupem funções que exigem competências e experiência equivalentes às dos homens, a falta de reconhecimento e as discriminações implicitamente culturais, dificultam a igualdade salarial no mercado de trabalho.

Neste âmbito surge o Plano de Avaliação das Diferenças Remuneratórias (PADR) com o objetivo de identificar e avaliar as diferenças remuneratórias entre mulheres e homens para funções iguais ou de igual valor, por forma a estabelecer um plano de ação garantindo critérios rigorosos, mensuráveis e objetivos, promovendo o caminho para a supressão de desigualdades. Assim, as organizações através do PADR, reforçam a transparência salarial e a confiança interna, aumentam a retenção de talento e contribuem para os indicadores ESG.

Por sua vez, o Incentivo Fiscal à Valorização Salarial permite deduzir ao lucro tributável os encargos correspondentes aos aumentos salariais de trabalhadores com contratos sem termo. Com a obrigatoriedade de o salário dos trabalhadores abrangidos ser superior à remuneração mínima mensal garantida e ao não aumento do leque salarial. Este benefício fiscal constitui um incentivo às empresas para reduzirem o leque salarial existente nas mesmas, isto é, diminuírem o hiato entre os trabalhadores com menores e maiores remunerações.

utilização de ambos os instrumentos pode ser complementar e com benefícios da sua concomitante aplicação. Entre os quais:

  • Embora distintos, ambos contribuem para a igualdade salarial e para a valorização dos trabalhadores.
  • O Incentivo Fiscal à Valorização Salarial (IFVS) incentiva o aumento salarial, o que pode, em parte, ajudar a corrigir disparidades salariais, mas não substitui o PADR, que é mais específico na análise e correção de diferenças;
  • O PADR (Plano de Avaliação das Diferenças Remuneratórias) pode ser usado para identificar se o IFVS está a ter um impacto equitativo em termos de género, em diferentes grupos de trabalhadores;
  • As empresas que beneficiam do IFVS podem usar o PADR para garantir que o aumento salarial não se traduz em novas diferenças remuneratórias;
  • As empresas e trabalhadores cujo enquadramento seja passível de elegibilidade poderão usufruir de benefícios fiscais nas correções salariais identificadas no âmbito do PADR.

Ambos os serviços são realizados pela FI Group que poderá garantir a mais eficaz e eficiente otimização da sua complementaridade. Quer saber como? Contacte-nos!

 

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Diretiva de Reporte Corporativo de Sustentabilidade (CSRD): Conceito e aplicação prática

Diretiva de Reporte Corporativo de Sustentabilidade (CSRD): Conceito e aplicação prática

O que é a Diretiva de Reporte Corporativo de Sustentabilidade (CSRD)?

Nos últimos anos, a Europa tem dado passos significativos para uniformizar e reforçar os relatórios ambientais, sociais e de governação (ESG). O contexto europeu tem sido marcado pela adoção de regulamentações cada vez mais exigentes, com o objetivo de promover práticas empresariais mais sustentáveis. Uma das principais inovações neste domínio é a Diretiva de Reporte Corporativo de Sustentabilidade (CSRD), uma regulamentação da União Europeia que impõe às empresas a obrigação de comunicar de forma mais rigorosa e consistente os seus impactos ambientais, sociais e de governação.

Introduzida em 2022, a CSRD substitui a anterior Diretiva de Divulgação de Informação Não Financeira (NFRD), alargando o âmbito de aplicação a um número significativamente maior de empresas, incluindo pequenas e médias empresas (PME) cotadas. O seu principal objetivo é aumentar a transparência e a comparabilidade da informação não financeira, promovendo uma maior responsabilidade corporativa e apoiando os investidores na tomada de decisões mais informadas.

Aplicação da CSRD na Europa e em Portugal

Diretiva de Reporte Corporativo de Sustentabilidade (CSRD) foi publicada a 14 de dezembro de 2022 e entrou em vigor a 5 de janeiro de 2023. Em Portugal, a sua aplicação segue o calendário definido pela União Europeia, com implementação faseada consoante a dimensão e o tipo de empresa.

Fases de Implementação da CSRD em Portugal

  • A partir de 1 de janeiro de 2024
    Empresas de interesse público com mais de 500 trabalhadores, já abrangidas pela anterior Diretiva de Divulgação de Informação Não Financeira (NFRD), devem começar a reportar de acordo com a CSRD.

    • Primeiro reporte: em 2025 (relativo ao exercício de 2024)
  • A partir de 1 de janeiro de 2025
    Grandes empresas não abrangidas pela NFRD, que cumpram pelo menos dois dos seguintes critérios:

    • Mais de 250 trabalhadores
    • Volume de negócios superior a 50 milhões de euros
    • Total do balanço superior a 25 milhões de euros
    • Primeiro reporte: em 2026 (relativo a 2025)
  • A partir de 1 de janeiro de 2026
    PME cotadas em bolsa (excluindo microempresas) passam a estar abrangidas, com possibilidade de adesão voluntária e normas simplificadas.

    • Primeiro reporte: em 2027 (relativo a 2026)
    • Opção de exclusão: até 2028
  • A partir de 1 de janeiro de 2029
    Filiais e sucursais de empresas-mãe sediadas fora da União Europeia, com receitas líquidas superiores a 150 milhões de euros na UE durante dois anos consecutivos.

    • Primeiro reporte: em 2029 (relativo a 2028)

Requisitos e Obrigações

As empresas abrangidas devem incluir nos seus relatórios financeiros:

  • Informações sobre riscos e oportunidades relacionados com questões ambientais, sociais e de governação (ESG)
  • O impacto das suas atividades sobre o ambiente e a sociedade
  • Relatórios elaborados segundo as Normas Europeias de Relato de Sustentabilidade (ESRS)
  • Relatórios em formato eletrónico e sujeitos a auditorias independentes

A CSRD visa garantir transparência, fiabilidade e comparabilidade da informação não financeira, promovendo uma cultura empresarial mais responsável e sustentável.

Alterações introduzidas pelo Pacote Omnibus (fevereiro de 2025)

 

  • Redução do número de empresas abrangidas:
    Apenas empresas com mais de 1.000 trabalhadores e que cumpram os critérios financeiros mínimos (50 milhões de euros de volume de negócios ou 25 milhões de euros em ativos) estão agora sujeitas à obrigação de reporte, excluindo cerca de 80% das empresas anteriormente abrangidas.
  • Normas voluntárias para PME:
    As PME deixam de estar obrigadas a fornecer informação detalhada, podendo optar por um modelo de reporte voluntário simplificado, desenvolvido pelo EFRAG.
  • Adiamento das obrigações de reporte:
    Foi proposta uma extensão de dois anos para as empresas que deveriam iniciar o reporte em 2026 ou 2027.
  • Eliminação de normas setoriais obrigatórias:
    A Comissão Europeia decidiu não avançar com a adoção de normas específicas por setor, simplificando o quadro regulamentar.

Estas alterações visam reduzir a carga administrativa (em média -25% para todas as empresas e -35% para as PME), simplificar o enquadramento legal e focar as obrigações nas empresas com maior impacto ambiental e social.

CSRD e o Princípio da Dupla Materialidade

Dupla Materialidade é um conceito central da CSRD. Este princípio exige que as empresas considerem não só como os fatores ESG afetam o seu desempenho financeiro, mas também como as suas atividades impactam o ambiente e a sociedade.

  • Materialidade Financeira:
    As empresas devem identificar e divulgar como os riscos e oportunidades ESG podem afetar materialmente o seu desempenho económico.
  • Materialidade de Impacto (externa):
    Devem também reportar os impactos das suas operações sobre o ambiente, os trabalhadores, os direitos humanos e a governação.

A CSRD reforça a necessidade de diligência devida em matéria de riscos ESG e a integração da sustentabilidade na estratégia empresarial e nos processos de decisão.

Benefícios da CSRD para as Empresas

A adoção da CSRD e do princípio da Dupla Materialidade representa um avanço significativo rumo a uma maior responsabilidade empresarial. Estes instrumentos fornecem dados essenciais para que todas as partes interessadas possam tomar decisões mais conscientes e informadas.

Embora a adaptação às novas exigências possa requerer tempo e investimento, as empresas que conseguirem integrar eficazmente estas normas beneficiarão de maior confiança por parte dos stakeholders e de um posicionamento mais competitivo num mercado cada vez mais orientado para a sustentabilidade.

 

 

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Encruzilhadas à escolha: Economia, Competitividade e Sustentabilidade

Encruzilhadas à escolha: Economia, Competitividade e Sustentabilidade

Afinal, por que é que uma política climática baseada na ciência é um imperativo para os líderes do futuro?

Vivemos tempos de incerteza, com encruzilhadas económicas inegáveis, onde a crise climática não é uma ameaça distante, mas uma força poderosa que molda e redesenha mercados e ações globais que vão obrigando a mudar cadeias de valor e a redefinir o que significa ser competitivo no mundo dos negócios.

Perante esta realidade, abraçar uma política climática alicerçada na ciência deixa de ser apenas uma questão de responsabilidade ambiental ou de cumprimento da “licença para operar” e, passa a ser um pilar estratégico fundamental para a resiliência, a inovação e o crescimento das empresas. A União Europeia, com o seu ambicioso Pacto Ecológico Europeu e a mais recente “Bússola para a Competitividade”, mostra-nos como a sustentabilidade e economia andam de mãos dadas, provando que a liderança climática e a competitividade global são, afinal, duas faces da mesma moeda.

Num artigo do Fórum Económico Mundial, intitulado “Why business leaders should advocate for science-aligned climate policy“, destaca-se a crescente urgência de integrar a ciência climática nas estratégias empresariais e políticas públicas. Aliás, o Fórum Económico Mundial tem sido consistente e claro: não fazer nada em relação ao clima terá um preço elevado e crescente, onde fenómenos meteorológicos extremos, interrupções nas cadeias de abastecimento e a escassez de recursos impactarão e danificarão bens, diminuirão a produtividade e farão disparar custos estruturais e de prémios de seguros. Assim, as organizações que não trabalhem num processo de mitigação e/ou adaptação climática, vão perder competitividade e resiliência num mundo onde a crise climática e da natureza está a redesenhar a vida como a conhecemos.

É aqui que a ciência se torna a nossa bússola indispensável. Uma política climática baseada em evidências científicas oferece às empresas um quadro sólido para a definição de metas de redução de emissões de gases de efeito estufa (GEE) que estejam alinhadas com as últimas descobertas e com os objetivos globais, como o Acordo de Paris para limitar o aquecimento global a 1.5°C. Ao adotar estas metas, as empresas não só demonstram um compromisso sério com a sustentabilidade, como também se antecipam a futuras alterações legislativas, evitando coimas e garantindo que estão em conformidade (idealmente, trabalhando para lá do compliance).

Relembro que em 2019 a Comissão Europeia lançou o Pacto Ecológico Europeu (PEE), que traduz em ação a visão de estabelecer uma política climática clara e objetiva, baseada em evidências científicas e, assente numa estratégia de crescimento transformadora que ambiciona tornar a UE o primeiro continente neutro em carbono até 2050, separando o crescimento económico do uso de recursos. O PEE abrange praticamente todos os setores – energia, transportes, agricultura, indústria – e prevê um investimento colossal de pelo menos mil milhões de euros em investimentos sustentáveis até 2030, mobilizando tanto fundos públicos como privados. Este plano ambicioso mostra que, ao mais alto nível político, a transição verde não é vista como um fardo, mas como uma oportunidade de redefinir a prosperidade.

A par e passo, dado também os desafios geopolíticos que se fazem sentir, a Comissão Europeia lançou este ano a “Bússola para a Competitividade”, onde aprofunda a ideia de que a desejada transição é uma oportunidade económica (não um custo!), colocando a descarbonização como um dos três pilares essenciais para impulsionar a competitividade da Europa, a par da inovação e da segurança. Reconhece ainda que a transição para uma economia descarbonizada deve ser “amiga da competitividade e tecnologicamente neutra”, destacando ainda a necessidade de reduzir os custos e a volatilidade dos preços da energia, mudando para fontes mais limpas. A simplificação das regras, o aproveitamento máximo dos benefícios da escala do Mercado Único e o estímulo às competências e empregos de qualidade são itens-chave que se adequam à agenda climática, demonstrando uma abordagem integradora para uma competitividade verdadeiramente “verde”.

Para os líderes empresariais, a união destas perspetivas aponta para uma direção clara: economia e sustentabilidade são indissociáveis. Por um lado, adotar uma política climática baseada na ciência significa mitigar riscos financeiros e operacionais crescentes, trabalhar em mecanismos de adaptação e, por outro lado, avaliar a exposição ao risco climático apoia a diversificação das cadeias de abastecimento e o investimento em infraestruturas resilientes, consubstanciando-se como medidas essenciais de gestão de risco. Claro que, a “cereja no topo do bolo” são as oportunidades significativas para a inovação e a diferenciação organizacionais, o desenvolvimento de produtos e serviços mais sustentáveis, adotação de modelos de negócio circulares e otimização da eficiência energética, onde se reduzem custos, como também se abrem novos mercados e reforçam a fidelização do cliente. A pesquisa citada pelo Fórum Económico Mundial, que indica que os investidores acreditam haver “muito dinheiro a ser ganho na transição para a energia limpa”, é uma prova clara desta oportunidade.

Por fim, importa salientar que a colaboração surge como um fator crítico. A complexidade dos desafios climáticos exige parcerias entre setores, governos e a sociedade civil. Como o Fórum Económico Mundial sublinha, as empresas devem “falar abertamente e construir alianças positivas com governos e a sociedade civil para decisões climáticas progressivas”. Incluindo, defender políticas públicas que incentivem a inovação verde, como subsídios para novas tecnologias e quadros regulatórios claros que proporcionem previsibilidade e segurança para o investimento. O Pacto Ecológico Europeu e a Bússula para a Competividade ilustram o empenho da UE em criar um ecossistema favorável a esta transição, simplificando a burocracia e mobilizando financiamento para as empresas que abraçam a sustentabilidade, promovendo uma solução holística para a encruzilhada onde nos encontramos e, permitindo também, desenvolver os líderes do futuro.

Em suma, a transição para uma economia de baixo carbono, impulsionada pela ciência, não é apenas um imperativo emotivo ou ambiental, não é um discurso de quão verde deve ser um produto ou serviço; é uma estratégia de negócios inteligentemente calculada. Os líderes empresariais que a reconhecem e agem em conformidade não só protegerão os seus ativos e a sua reputação, como também se posicionarão na vanguarda da próxima onda de crescimento económico, descobrindo novas fontes de valor e garantindo uma competitividade duradoura num mundo em constante e rápida mudança. Ignorar a ciência climática é, cada vez mais, uma decisão de negócios insustentável.

Lurdes Guerra, Senior Sustainability Consultant


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