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EU4Health: Financiamento Europeu para Iniciativas em Saúde Pública

EU4Health: Financiamento Europeu para Iniciativas em Saúde Pública

O EU4Health é o maior programa europeu dedicado à saúde, com um orçamento de 4.4 mil milhões de euros para o período 2021-2027. Mais do que uma resposta à pandemia, este programa é um investimento estratégico para construir uma União Europeia da Saúde, reforçando sistemas resilientes, inovadores e preparados para os desafios do futuro.

 

A pandemia expôs fragilidades nos sistemas nacionais e mostrou a importância de uma abordagem coordenada. O EU4Health foi criado para proteger os cidadãos de ameaças sanitárias transfronteiriças, garantir acesso equitativo a medicamentos e dispositivos médicos, fortalecer os sistemas através da digitalização e interoperabilidade, e investir em prevenção, especialmente no combate às doenças crónicas e ao cancro. Este programa complementa políticas nacionais e articula-se com iniciativas como o Plano Europeu de Luta contra o Cancro e a Estratégia Farmacêutica para a Europa, criando uma rede integrada que coloca a saúde no centro das prioridades europeias.

 

Convocatórias Abertas 

 

O Programa de Trabalho 2025 disponibiliza 56.8 milhões de euros para ações prioritárias que vão moldar o futuro da saúde na União Europeia. Entre as áreas estratégicas destacam-se os programas-piloto para rastreio do cancro gástrico, pulmonar e prostático, alinhados com o Plano Europeu de Luta contra o Cancro. O programa também contempla iniciativas que exploram inteligência artificial e dados de saúde para prevenção, tratamentos personalizados e reabilitação, além de projetos dedicados à promoção de hábitos de vida saudáveis.

 

O desenvolvimento de dispositivos médicos órfãos, especialmente para pediatria, e o incentivo à reutilização de dados através do Espaço Europeu de Dados de Saúde são pontos de destaque, acelerando a inovação. Estão previstas ainda ações para organização de conferências e disseminação de boas práticas entre Estados-Membros, promovendo a cooperação e partilha de conhecimento.

 

  • Rastreio do cancro gástrico (EU4H-2026-SANTE-PJ-01): Apoio à implementação de programas-piloto de rastreio precoce, com o objetivo de aumentar a taxa de deteção e reduzir a mortalidade. Esta ação contribui para o Plano Europeu de Luta contra o Cancro.
  • Rastreio do cancro pulmonar (EU4H-2026-SANTE-PJ-02): Financiamento para projetos que testem e implementem abordagens eficazes de rastreio populacional, especialmente em grupos de risco.
  • Rastreio do cancro prostático (EU4H-2026-SANTE-PJ-03): Apoio à criação de modelos de rastreio adaptados às necessidades dos Estados-Membros, com base em evidência científica e boas práticas.
  • Iniciativa em saúde cardiovascular com IA e dados de saúde (EU4H-2026-SANTE-PJ-04): Desenvolvimento de soluções digitais para previsão de risco, cuidados personalizados, prevenção e reabilitação. Esta ação promove a integração de tecnologias emergentes na prática clínica.
  • Prevenção ao longo da vida com foco em doenças cardiovasculares (EU4H-2026-SANTE-PJ-05): Promoção de estilos de vida saudáveis, melhoria da literacia em saúde e redução dos fatores de risco associados às doenças cardiovasculares.
  • EURIPID – Preços, reembolso e acesso a medicamentos (EU4H-2026-SANTE-PJ-06): Criação de uma ferramenta europeia para rastrear preços e acesso a medicamentos, reforçando a transparência e a cooperação entre Estados-Membros.
  • Dispositivos médicos órfãos para pediatria (EU4H-2026-SANTE-PJ-07): Apoio ao desenvolvimento de dispositivos médicos inovadores para doenças raras em crianças, onde o mercado tradicional não oferece soluções viáveis.
  • Inovação biotecnológica com base no Espaço Europeu de Dados de Saúde (EU4H-2026-SANTE-PJ-08): Financiamento para projetos que utilizem dados de saúde para promover inovação em biotecnologia, com foco na utilização secundária de dados clínicos.
  • Organização de conferências científicas sobre saúde pública (EU4H-2026-SANTE-PJ-09): Apoio à realização de eventos que promovam a partilha de conhecimento, colaboração entre Estados-Membros e visibilidade de temas emergentes. As conferências devem ter uma dimensão europeia clara e envolver múltiplos países.

 

Todas as ações acima têm prazo de candidatura até 06 de janeiro de 2026, às 17h (CET). Consulta todas as convocatórias e prazos aqui

 

O EU4Health não é apenas um programa de financiamento; é um catalisador para mudanças estruturais. Ao reduzir desigualdades no acesso aos cuidados, aumentar a capacidade de resposta a emergências sanitárias e promover inovação tecnológica, este programa posiciona a União Europeia como líder global em saúde. A digitalização dos sistemas, a melhoria das taxas de vacinação e a redução da resistência antimicrobiana são apenas alguns exemplos do impacto esperado.

 

Quem pode participar e como?

 

O EU4Health está aberto a uma ampla gama de entidades, incluindo autoridades nacionais e regionais, hospitais, centros de investigação, universidades, organizações da sociedade civil, associações de doentes, empresas e start-ups com soluções inovadoras. A formação de consórcios transnacionais é fortemente incentivada, promovendo diversidade geográfica e complementaridade de competências.

 

As candidaturas são feitas através do Portal Funding & Tenders da Comissão Europeia onde estão disponíveis todos os detalhes sobre requisitos e documentação, critérios de avaliação e formulários de candidatura. Para aumentar as hipóteses de sucesso, recomenda-se a análise detalhada dos tópicos de cada ação, formação de parcerias estratégicas e elaboração de propostas robustas, incluindo plano de impacto, orçamento e estratégias de disseminação.

 

O EU4Health é mais do que financiamento: representa uma oportunidade para inovar, colaborar e transformar a saúde na Europa. Se a sua organização atua na área da saúde, este é o momento para se tornar protagonista na construção de sistemas mais resilientes e inclusivos. Não perca a oportunidade de fazer parte desta transformação!

 

Sofia Oliveira, Equipa Projetos Europeus

Leilão Piloto do Innovation Fund: Um Passo Decisivo para a Descarbonização Industrial

Leilão Piloto do Innovation Fund: Um Passo Decisivo para a Descarbonização Industrial

A transição energética deixou de ser uma ambição para se tornar uma necessidade urgente. A União Europeia, através do Innovation Fund, tem vindo a criar mecanismos para acelerar a neutralidade carbónica, e o mais recente é o leilão piloto dedicado à descarbonização do calor nos processos industriais. Com lançamento previsto para dezembro de 2025, este leilão representa uma oportunidade única para empresas que pretendem liderar a transformação sustentável. 

 

Porquê um leilão e porquê o calor industrial? A resposta está nos números: o calor de processo representa 47% da energia consumida pelo setor industrial europeu, sendo responsável por 75% das emissões de CO2 geradas pela indústria. Uma consequência da queima intensiva de combustíveis fósseis (75%) como fonte desse calor. Assim, a eletrificação e a integração de fontes renováveis surgem como alternativas críticas para a redução de emissões. 

 

Por sua vez, o formato de leilão, garante transparência e competitividade, revelando preços reais e validados, permitindo modelar novos mercados, e simplificando processos administrativos. Ao mesmo tempo, a mitigação de risco destes projetos, atrai capital privado e reduz custos. 

 

O leilão disponibiliza um orçamento de mil milhões de euros, distribuído por três categorias, mediante a dimensão dos projetos. Para temperaturas médias entre 100ºC e 400ºC, a dotação varia entre (150 e 350) milhões de euros, consoante a potência das unidades. Para projetos de alta temperatura, acima de 400ºC, a dotação é de 500 milhões de euros. O critério de seleção é objetivo: o preço por tonelada de CO₂ evitada. Quem apresentar o valor mais baixo ocupa os primeiros lugares no ranking. 

 

As tecnologias elegíveis refletem a aposta na inovação: bombas de calor industriais, aquecimento por resistência direta ou indireta, aquecimento eletromagnético e plasma, calor renovável direto como solar térmico e geotérmico, e soluções híbridas que combinem eletrificação e calor renovável. Estas soluções não são apenas alternativas; representam uma mudança de paradigma na forma como a indústria encara a sua pegada carbónica. 

 

Apesar da simplicidade do modelo, os projetos devem cumprir requisitos rigorosos. A potência mínima deve situar-se entre 3 MW e 5 MW, com temperatura superior a 100ºC. É exigida uma garantia de conclusão correspondente a 6% do valor máximo da subvenção, assegurada por instituição financeira. Os prazos são exigentes: fecho financeiro em dois anos e entrada em operação em quatro anos. A monitorização será contínua, com relatórios semestrais e verificação independente, garantindo conformidade com princípios como o Do No Significant Harm. Estas condições afastam projetos especulativos e asseguram propostas maduras e viáveis. 

 

Este leilão é mais do que um instrumento financeiro; é um catalisador para criar um ecossistema favorável à inovação e à transição energética. Ao promover tecnologias limpas e flexíveis, fomenta competitividade industrial, formação de novos mercados e integração de renováveis. Empresas que adotem estas soluções estarão mais bem posicionadas para enfrentar exigências regulatórias e reputacionais, enquanto se criam condições para investimentos privados sustentáveis. 

 

Para a indústria portuguesa, esta é uma oportunidade única. Setores como cerâmica, papel, química e alimentar podem reinventar processos, reduzir custos energéticos e ganhar vantagem competitiva. Contudo, há desafios importantes, como a capacidade técnica e financeira para projetos desta dimensão, que exigem planeamento rigoroso e parcerias estratégicas. É também necessário romper com paradigmas tradicionais e apostar em soluções disruptivas. Aqui, a FI Group desempenha um papel essencial, apoiando empresas na preparação de candidaturas e definição de estratégias que maximizem as hipóteses de sucesso. 

 

O leilão piloto do Innovation Fund é um sinal claro de que a Europa está determinada a acelerar a descarbonização industrial. Para os promotores, é uma oportunidade de liderar a transformação, posicionando-se na vanguarda da inovação e da sustentabilidade. Na FI Group, acreditamos que ideias transformadoras nascem da colaboração. Este é o momento de agir, preparar projetos ambiciosos e contribuir para um futuro onde a indústria e o planeta coexistem em equilíbrio. 

 

Bruna Fonseca, Manager

Bruxelas avança com consulta pública para reforçar o Espaço Europeu da Investigação

Bruxelas avança com consulta pública para reforçar o Espaço Europeu da Investigação

No dia 13 de outubro, a Comissão Europeia lançou uma consulta pública com vista à criação do futuro Ato do Espaço Europeu da Investigação (ERA Act), uma proposta legislativa que visa aprofundar a integração das políticas de investigação e inovação na União Europeia. Esta iniciativa sucede a uma fase anterior de recolha de contributos (“call for evidence”), concluída em setembro.

 

O ERA Act representa um passo estratégico para a concretização plena do Espaço Europeu da Investigação, promovendo a chamada “quinta liberdade” do mercado único: a livre circulação do conhecimento, através de um enquadramento legislativo vinculativo.

 

A proposta em desenvolvimento poderá contemplar medidas estruturadas em três grandes eixos:

 

  • Compromissos nacionais em I&D: Estabelecimento de mecanismos legais que incentivem o investimento público e privado em investigação, com o objetivo de alcançar a meta de 3% do PIB em I&D, através da implementação de planos nacionais robustos.
  • Alinhamento de políticas e investimentos: Reforço da coordenação entre a União Europeia e os Estados-Membros em áreas estratégicas, promovendo uma maior coerência entre as políticas nacionais de investigação e inovação.
  • Melhoria das condições para a investigação: Criação de um ambiente mais favorável para os investigadores, abordando temas como carreiras científicas, ciência aberta, valorização do conhecimento, liberdade e integridade científica, igualdade de género e segurança na investigação.

 

A consulta pública estará disponível até 5 de janeiro de 2026, através do portal oficial da Comissão Europeia. A proposta legislativa final deverá ser apresentada no terceiro trimestre de 2026.

 

Rumo a um Futuro Mais Verde: Inovações na Mobilidade Urbana Sustentável na Europa

Rumo a um Futuro Mais Verde: Inovações na Mobilidade Urbana Sustentável na Europa

Como as cidades e políticas públicas estão a liderar a transição para uma mobilidade mais sustentável 

 

Atualmente, a mobilidade urbana na Europa está a passar por uma transformação significativa, impulsionada não só pela necessidade de reduzir as emissões de carbono, mas também pelo objetivo de tornar as cidades mais sustentáveis, eficientes e inclusivas. 

 

Com o aumento do congestionamento, da poluição e dos desafios de acessibilidade, a aposta em inovação tecnológica e políticas públicas torna-se fundamental para criar soluções que respondam a estas questões e promovam um futuro mais verde. 

 

Além disso, a mobilidade é essencial para a economia europeia, ligando pessoas, serviços e bens, e fomentando oportunidades, turismo e coesão. O setor dos transportes assume um papel central na competitividade da Europa, sendo também um motor das transições ecológica e digital. 

 

A Comissão Europeia aposta em tornar os transportes mais competitivos, sustentáveis e preparados para os desafios futuros, assegurando sistemas seguros, acessíveis e a preços justos para todos os cidadãos da União Europeia. 

 

Números-Chave 

  • 25,8 mil milhões de euros para apoiar os investimentos em infraestruturas de transporte no âmbito do Mecanismo Interligar a Europa 2021-2027 
  • 90% de redução de emissões de gases com efeito de estufa geradas pelo setor dos transportes da UE até 2050 
  • Mais de 200.000km de rede ferroviária na UE 

Fonte: Comissão Europeia  

 

Face a este cenário de transformação e investimento, várias cidades e regiões europeias destacam-se pela implementação de soluções inovadoras que estão a redefinir a forma como as populações se deslocam. 

 

De seguida, exploramos exemplos concretos dessas inovações, ilustrando como a Europa está a liderar a transição para uma mobilidade urbana mais sustentável, eficiente e centrada nas pessoas. 

 

  1. Mobilidade elétrica: o novo normal

A eletrificação dos transportes assume um papel central na estratégia europeia de descarbonização da mobilidade, sendo essencial para alcançar as metas ambientais traçadas pela União Europeia. Cidades inovadoras como Oslo, Amesterdão e Lisboa destacam-se pela dinamização de infraestruturas de carregamento e pela promoção de incentivos que facilitam a adoção de veículos elétricos, tanto no setor privado como nos transportes públicos. 

 

Em Oslo, a implementação de uma extensa rede de carregadores públicos, aliada a benefícios fiscais específicos para veículos elétricos, permitiu uma rápida adesão a esta tecnologia, tornando a cidade uma referência global em mobilidade sustentável. Amesterdão, por sua vez, tem investido fortemente na expansão das frotas de autocarros elétricos, integrando-os nos sistemas de transporte coletivo e contribuindo para a redução das emissões de carbono na área urbana. Já Lisboa aposta em corredores de carregamento rápido estrategicamente distribuídos e na renovação da frota de táxis e autocarros, promovendo uma redução significativa das emissões poluentes e do ruído nas principais zonas da cidade. 

 

  1. Micromobilidade e partilha de veículos 

A micromobilidade está a revolucionar as deslocações urbanas de curta distância, graças à crescente adoção de bicicletas, trotinetes e scooters elétricas. Em diversas cidades europeias, foram implementados sistemas integrados de partilha de veículos, facilmente acessíveis através de aplicações móveis intuitivas, que proporcionam aos utilizadores a liberdade de selecionar o modo de transporte mais adequado às suas necessidades, de forma rápida e eficiente. 

 

Estes serviços não só facilitam a mobilidade individual, como também desempenham um papel crucial na diminuição do congestionamento rodoviário e da dependência do automóvel particular. Para além de promoverem alternativas de transporte mais ecológicas e económicas, contribuem para melhorar a qualidade do ar e tornar as cidades mais silenciosas e humanas, incentivando estilos de vida ativos e sustentáveis. 

 

  1. Planeamento urbano inteligente

O planeamento urbano focado nas pessoas revela-se essencial para impulsionar a mobilidade sustentável e transformar positivamente a vida nas cidades. Paris destaca-se ao adotar o conceito da “cidade de 15 minutos”, que visa garantir que cada residente tenha acesso a serviços essenciais – como educação, saúde, comércio e lazer – a uma curta distância a pé ou de bicicleta. Esta abordagem reduz substancialmente a dependência de veículos motorizados, diminuindo o tráfego e as emissões poluentes, enquanto favorece o convívio social, a saúde pública e uma maior equidade entre bairros. 

 

Ao repensar os espaços urbanos para privilegiar o peão e o ciclista, as cidades europeias apostam na criação de ambientes mais inclusivos, saudáveis e conectados, reforçando a coesão territorial e melhorando significativamente a qualidade de vida dos seus habitantes. 

 

A mobilidade urbana sustentável é um pilar fundamental para o futuro das cidades europeias. Através da inovação, da colaboração entre setores e do envolvimento dos cidadãos, é possível construir ambientes urbanos mais resilientes, inclusivos e ecológicos. 

 

Na FI Group, continuamos comprometidos em apoiar empresas e entidades públicas na captação de financiamento para projetos que acelerem esta transformação. 

Construção de consórcios: um fator estratégico de sucesso nas candidaturas da UE

Construção de consórcios: um fator estratégico de sucesso nas candidaturas da UE

No panorama do financiamento da União Europeia, os consórcios não são apenas um requisito ou uma opção recomendada em muitas candidaturas, mas também a espinha dorsal da credibilidade, viabilidade e impacto de uma proposta.

 

Os programas de financiamento da UE são concebidos para promover a colaboração transfronteiriça, a troca de conhecimento e a inovação sistémica entre diferentes países. À medida que as candidaturas da UE se tornam cada vez mais competitivas e estrategicamente complexas, a composição de um consórcio pode ser determinante para o sucesso de um projeto.

 

No entanto, apesar do seu papel central, os consórcios são frequentemente abordados com uma mistura de otimismo e incerteza. Os candidatos podem sentir-se confiantes quanto às suas ideias técnicas, mas menos seguros sobre como transformar essas ideias numa estrutura colaborativa que vá ao encontro das expectativas da UE.

 

Porque é que a composição do consórcio é tão estratégica nas candidaturas da UE?

 

Um consórcio bem estruturado deve demonstrar que o projeto não é apenas tecnicamente inovador, mas também social e geograficamente inclusivo, operacionalmente viável e estrategicamente alinhado com as prioridades da UE. Cada parceiro deve trazer algo único para a mesa, formando um todo coerente.

 

A construção de um consórcio exige atenção a aspetos-chave como:

  • Elegibilidade e conformidade com as regras e regulamentos da UE, bem como com os requisitos específicos da candidatura;
  • Diversidade geográfica, em linha com o valor da colaboração transfronteiriça promovido pela UE;
  • Alinhamento com as prioridades específicas da candidatura, que podem dar maior ênfase à inovação, impacto, escalabilidade, cooperação transnacional…

 

Riscos ocultos na construção de consórcios

 

Para além das preocupações já mencionadas, existem riscos mais subtis que podem comprometer propostas promissoras, incluindo:

  • Desalinhamento de objetivos, com parceiros motivados por interesses diferentes (investigação, acesso ao mercado…), o que pode fazer o projeto perder foco;
  • Carga administrativa de coordenar múltiplas entidades em diferentes países, com fusos horários e sistemas legais distintos, causando atrasos e falhas de comunicação;
  • Lacunas de comunicação decorrentes de diferenças culturais e operacionais, que podem gerar mal-entendidos e expectativas não cumpridas;
  • Sensibilidade da avaliação a incoerências nos consórcios, que podem parecer sólidos no papel, mas ser rejeitados por incoerências internas ou outros critérios considerados pela Comissão.

 

Como construir um consórcio de sucesso

 

O financiamento da UE oferece oportunidades transformadoras, mas exige uma navegação cuidadosa pela sua complexidade. A construção de consórcios é um dos aspetos mais estratégicos e sensíveis do processo e, como tal, requer conhecimento especializado.

 

Construir um consórcio de sucesso não é apenas uma questão de networking ou de preencher funções. Exige visão estratégica, profundo conhecimento das expectativas da UE e capacidade de antecipar como os avaliadores irão interpretar a proposta.

 

Mesmo candidatos experientes enfrentam dificuldades, pois as candidaturas da UE evoluem constantemente e os critérios de avaliação variam entre chamadas. Além disso, o processo é iterativo e requer negociação, alinhamento e, muitas vezes, compromisso. Os parceiros devem estar dispostos a adaptar os seus papéis, partilhar responsabilidades e comprometer-se com uma visão comum.

 

A equipa da FI Group é composta por especialistas altamente qualificados, preparados para oferecer orientação estratégica na construção de consórcios eficazes. Para além disso, prestamos apoio completo na redação de propostas, gestão de projetos, comunicação e disseminação de resultados. Conte connosco para transformar a sua ideia num projeto europeu bem-sucedido.

 

Luigi Iannotti, European Grants Manager

Internacionalizar com Estratégia: A Visão Conjunta de Marketing e Consultoria

Internacionalizar com Estratégia: A Visão Conjunta de Marketing e Consultoria

A internacionalização das PME portuguesas é hoje uma necessidade estratégica e não apenas uma ambição. Num mundo cada vez mais digital e globalizado, expandir para novos mercados representa uma oportunidade de crescimento, inovação e resiliência. Mas este processo exige muito mais do que vontade: requer planeamento, conhecimento e uma abordagem integrada. Enquanto profissionais das áreas de marketing e consultoria, temos acompanhado de perto este percurso e acreditamos que o sucesso está ao alcance de quem se prepara com inteligência e ambição.

 

Os apoios públicos disponíveis, como o aviso Internacionalização das PEM,para operações individuais, são uma ferramenta poderosa para acelerar este processo. Com uma duração de 24 meses e taxas de apoio que podem chegar aos 50% em determinadas regiões, este incentivo permite às empresas desenvolver ações como participação em feiras, prospeção de mercados, criação de lojas online, integração em marketplaces, certificações ESG, entre outras. No entanto, estes apoios não são automáticos. A elevada procura pode antecipar o encerramento das candidaturas, e só os projetos com maior mérito técnico e financeiro têm garantido acesso ao financiamento. Por isso, o nosso primeiro conselho é claro: não deixem para depois. A análise de viabilidade e a preparação da candidatura devem começar o quanto antes.

 

A pontuação de mérito é o fator decisivo na aprovação das candidaturas. E aqui, o nosso trabalho conjunto é ajudar as empresas a construir uma candidatura sólida, coerente e diferenciadora. Para alcançar uma pontuação elevada, é essencial alinhar o projeto com as estratégias de especialização regional, apresentar um diagnóstico claro das necessidades da empresa e definir objetivos concretos. A inovação e a diferenciação são elementos centrais: incluir ações de marketing, reorganização interna e iniciativas ESG pode fazer toda a diferença. Além disso, há critérios específicos que devem ser considerados, como a escolha de novos mercados e a intensidade exportadora. A criação de postos de trabalho também é valorizada, mas sabemos que nem todas as empresas conseguem contratar quatro ou onze pessoas de imediato. Por isso, o nosso papel é encontrar o equilíbrio certo, identificando os critérios que melhor se ajustam à realidade de cada PME e construindo uma candidatura que maximize o mérito global.

 

Já do lado do marketing, a internacionalização começa muito antes da primeira venda. Começa com a validação do mercado. E é aqui que o marketing digital assume um papel estratégico: não como centro de custos, mas como centro de receitas. A presença digital começa pelo website, a “morada digital” da empresa, que deve estar disponível em vários idiomas e otimizado para ser encontrado, escolhido e converter visitantes em clientes. Esta abordagem permite testar mercados sem grandes investimentos iniciais, reduzindo o risco e aumentando a eficiência. Defendemos uma estratégia multicanal, adaptada ao tipo de empresa e ao mercado-alvo. A geração de leads deve ser automatizada e escalável, aproveitando as ferramentas de inteligência artificial disponíveis. E, acima de tudo, deve haver uma lógica de validação antes da expansão física. Colocar comerciais no terreno sem testar o mercado digitalmente é um erro comum — e dispendioso.

 

A internacionalização não é apenas uma questão de geografia, é também uma questão de cultura. E aqui, o marketing tem um papel fundamental na adaptação da comunicação. Distinguimos entre tradução e transcriação: não basta traduzir conteúdos, é preciso recriá-los para que façam sentido no contexto cultural do mercado-alvo. A contratação de agências de relações públicas locais é uma estratégia eficaz para controlar a narrativa mediática e facilitar a aceitação da marca.

 

Se há algo que ambos concordamos, é que a internacionalização não deve ser feita com base em intuição. O “feeling” não é uma estratégia de negócio. Hoje, é possível medir com precisão o custo de aquisição de clientes em novos mercados, mesmo em empresas B2B. E essas métricas devem orientar as decisões. Outro erro comum é a falta de alinhamento entre a estratégia e os investimentos propostos. Uma candidatura bem-sucedida exige coerência entre os objetivos, o plano de ação e os recursos alocados. Investir sem uma estratégia clara ou justificar investimentos com base em intenções vagas compromete a viabilidade do projeto.

 

A internacionalização das PMEs exige planeamento, visão e capacidade de adaptação. Os apoios públicos são uma oportunidade valiosa, mas exigem candidaturas bem preparadas e projetos ambiciosos. O marketing digital é uma ferramenta essencial, não apenas para promover, mas para validar e adaptar a presença da empresa em novos mercados. Enquanto profissionais que trabalham diariamente com empresas neste processo, acreditamos que o sucesso está ao alcance de quem se prepara, se diferencia e se adapta.

 

Diogo Lorena, Senior Consultant

Fábio Gomes, Marketing Manager & Digital Transformation Strategist

PRR: Bruxelas aprova sétimo pedido de pagamento a Portugal

PRR: Bruxelas aprova sétimo pedido de pagamento a Portugal

A Comissão Europeia aprovou favoravelmente o sétimo pedido de pagamento apresentado por Portugal no âmbito do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), desbloqueando 1,06 mil milhões de euros em subvenções líquidas de pré-financiamento. Este montante insere-se no Mecanismo de Recuperação e Resiliência, o principal instrumento do programa NextGenerationEU, criado para apoiar os Estados-Membros na recuperação económica pós-pandemia. Esta decisão resulta da avaliação positiva do cumprimento dos 11 marcos e 16 metas definidos na Decisão de Execução do Conselho, confirmando o progresso de Portugal na implementação das reformas e investimentos previstos para esta fase do plano.

 

O presente pedido, submetido a 26 de junho deste mesmo ano, contempla 21 investimentos e 5 reformas que abrangem áreas estratégicas como saúde, habitação, respostas sociais, capitalização e inovação empresarial, qualificações e competências, infraestruturas, florestas, hidrogénio e energias renováveis, mar, independência energética, transição ecológica, finanças públicas sustentáveis, administração pública eficiente e escola digital.

 

Entre os destaques deste pacote de medidas estão:

  • Aquisição de equipamento médico, incluindo equipamento pesado;
  • Apoio a pessoas vulneráveis em risco de exclusão social;
  • Renovação de centrais hidroelétricas na Madeira;
  • Financiamento de alojamentos de emergência e de transição;
  • Reforço de meios para bombeiros, proteção civil e forças de segurança;
  • Implementação de estações públicas de carregamento de veículos elétricos;
  • Promoção da igualdade salarial entre homens e mulheres.

 

Com este desembolso, Portugal atinge 47% de taxa de execução do PRR e já recebeu 62% da dotação total prevista, num total acumulado de 13,8 mil milhões de euros, incluindo pré-financiamentos e fundos do REPowerEU.

 

Próximos passos e reprogramação estratégica

 

O Ministro da Economia e da Coesão, Manuel Castro Almeida, anunciou que Portugal irá submeter o oitavo pedido de pagamento, antecipando metas e marcos dos pedidos seguintes. Esta decisão surge no contexto de uma nova reprogramação do PRR, que visa:

  • Reduzir o número de metas e marcos intermédios;
  • Retirar projetos que não possam ser concluídos a tempo;
  • Redistribuir os empréstimos da “bazuca europeia” para maximizar o impacto.

 

Segundo o Ministro, a reprogramação será apresentada à Comissão Europeia até ao final de outubro, reforçando o compromisso do país com uma execução eficiente, estratégica e orientada para resultados.

Como a inovação pode apoiar investimentos industriais em projetos de eficiência hídrica e energética?

Como a inovação pode apoiar investimentos industriais em projetos de eficiência hídrica e energética?

Principais ideias:

  • Os polos industriais prosperaram historicamente devido à abundância de recursos naturais, especialmente água e energia.
  • Os desafios atuais incluem o aumento dos custos da água e da eletricidade, maior pressão sobre os recursos naturais, secas severas e vulnerabilidades nos sistemas energéticos.
  • Investir em eficiência hídrica e energética através da inovação é crucial para práticas industriais sustentáveis e para garantir vantagem competitiva.

 

A indústria moderna surgiu e floresceu num mundo moldado pela crença na infinitude dos recursos naturais. O que têm em comum Manchester no Reino Unido, o “Manufacturing Belt” nos Estados Unidos, o Vale do Ruhr na Alemanha, a região do Rio Yangtzé na China, o Vale do Nilo no Egipto e as regiões Sul e Sudeste do Brasil?

 

Estas regiões foram (e algumas ainda são) grandes polos industriais nos seus respectivos países. O que explica a sua proeminência industrial é a oferta rica e abundante de água e outras fontes de energia, ou seja, a disponibilidade de recursos naturais.

 

Em Manchester, ao longo das margens do rio Irwell, surgiu um dos primeiros polos industriais do mundo, com uma forte indústria têxtil. A cidade também beneficiava de minas de carvão próximas, que alimentavam caldeiras de fábricas e locomotivas, impulsionando a Revolução Industrial.

 

No “Manufacturing Belt” dos EUA, o rio Saint Lawrence e os grandes lagos permitiam o transporte de matérias-primas e produtos acabados, além de fornecerem energia às indústrias automóvel, siderúrgica e ferroviária. A região também possuía reservas de carvão e ferro, especialmente na Pensilvânia e Ohio, que sustentavam a produção de aço e a geração de energia térmica.

 

No Vale do Ruhr, os rios Reno e Ruhr abasteciam fábricas de aço, química e mecânica, essenciais para o arrefecimento de fornos, lavagem de minério e geração de energia. Na China, o rio Yangtzé foi fundamental para o desenvolvimento de cidades como Xangai e Wuhan, apoiando indústrias de eletrónica, construção naval, química e têxtil, que dependem fortemente da água para processos de fabrico, limpeza e arrefecimento. A região também possui grandes reservas de carvão, especialmente nas províncias de Shanxi e Anhui, que abastecem a base industrial chinesa.

 

No Egipto, o rio Nilo foi a base para o desenvolvimento das indústrias têxtil, alimentar e petroquímica, especialmente em torno do Cairo. A energia gerada pelo Nilo, particularmente após a construção da Barragem de Assuã, foi essencial para a eletrificação e industrialização do país.

 

No Brasil, as regiões Sul e Sudeste tornaram-se polos industriais graças a grandes rios como o Paraguai, Uruguai e Tietê, que abastecem várias cidades que evoluíram para centros industriais significativos. Por exemplo, São Paulo e Campinas acolhem inúmeras indústrias devido à proximidade com rios como o Tietê e Atibaia, apoiando sectores como metalurgia, química e alimentar, todos altamente dependentes da água para arrefecimento de equipamentos, lavagem de matérias-primas, geração de vapor e tratamento de efluentes. Além disso, o sul do Brasil, possui vasta disponibilidade de recursos hídricos.

 

A abundância de água e energia, seja através de rios ou minas de carvão, foi, portanto, um dos fatores decisivos para que estas áreas se tornassem motores económicos dos seus países e continentes, especialmente em indústrias intensivas em água e energia como têxtil, alimentar, química, metalurgia e papel e celulose. No entanto, o cenário atual e emergente apresenta inúmeras incertezas quanto à disponibilidade de água e energia.

 

Uma realidade que não pode ser ignorada: o aumento do custo da água e da eletricidade

 

O crescimento populacional e o consequente aumento do consumo de recursos naturais nestas regiões, incluindo os recursos hídricos, bem como a crescente procura energética, colocam desafios sem precedentes à atividade industrial, que outrora parecia ter perspetivas de crescimento ilimitadas.

 

Estes desafios concentram-se em três áreas principais:

  1. Pressão crescente sobre os recursos naturais: A indústria é responsável por cerca de 20% das retiradas globais de água doce, embora o consumo real varie consoante o processo produtivo. Nos países desenvolvidos, o uso industrial da água pode representar entre 30% e 60% das retiradas totais, dependendo da estrutura económica e perfil industrial. No Reino Unido, o uso industrial da água representa uma parte substancial dos recursos hídricos renováveis do país, estimados em 147 mil milhões de m³/ano. Na China, a poluição industrial afeta mais de 60% dos lagos, impactando diretamente a disponibilidade para uso fabril.
  2. Secas severas e escassez hídrica: A escassez de água já afeta polos industriais em todas as regiões mencionadas. No Brasil, as crises hídricas de 2001, 2014–15 e 2021 impactaram diretamente a produção industrial. No Egipto, disputas pelo controlo das águas do Nilo ameaçam o abastecimento a sectores como o têxtil e petroquímico. No Reino Unido, partes do país já enfrentam stress hídrico sazonal, com impactos diretos no setor industrial, especialmente em áreas densamente urbanizadas e no norte de Inglaterra.
  3. Sobrecarga e vulnerabilidade dos sistemas energéticos: Cerca de 90% da geração global de energia térmica e nuclear consome água em alguma fase, enquanto fontes renováveis como solar e eólica têm consumo hídrico negligenciável. Na Europa, a indústria transformadora representa 18% do uso total de água, especialmente para arrefecimento de centrais térmicas e nucleares. No Brasil, a dependência da energia hidroelétrica torna o sistema vulnerável à variabilidade climática, com uma redução projetada de até 40% na disponibilidade hídrica até 2040.

 

Investir em eficiência hídrica e energética como estratégia competitiva e de redução de custos

 

Investir em projetos de Investigação, Desenvolvimento e Inovação (I&D&I) revela-se a solução mais sustentável e eficiente para a indústria se adaptar a um cenário repleto de incertezas. Através da inovação, a indústria global pode desenvolver a resiliência necessária para continuar a cumprir a sua missão principal: melhorar o bem-estar humano através de práticas industriais sustentáveis.

 

Há muitos caminhos a seguir:

  1. Perspetivas tecnológicas para eficiência hídrica e reutilização de água: A reutilização de água industrial é uma das estratégias mais eficazes para reduzir a dependência de fontes potáveis e minimizar os impactos ambientais. Tecnologias como ultrafiltração, osmose inversa e eletrodiálise permitem o tratamento e reutilização de efluentes em processos como arrefecimento, lavagem de equipamentos e geração de vapor. Segundo a Agência Internacional de Energia (IEA), práticas de reutilização podem reduzir a procura de água em até 60% em sectores como papel e celulose, alimentar e petroquímico. Para além de reduzir custos operacionais, esta prática contribui para a segurança hídrica e conformidade regulatória, especialmente em regiões com escassez sazonal.
  • Tecnologias da Indústria 4.0: O uso de sensores inteligentes, Internet das Coisas (IoT), software de supervisão (SCADA) e Inteligência Artificial permite a monitorização em tempo real do consumo de água, deteção de perdas e otimização de processos. Estudos técnicos publicados por associações industriais e institutos de investigação indicam que indústrias que adotam automação e digitalização podem reduzir o consumo de água em até 50% e aumentar a conformidade ambiental em 30%. Os sectores de mineração, saneamento, química e alimentar lideram esta transformação.

 

  1. Perspetivas tecnológicas para eficiência energética:
  • Sistemas de Gestão de Energia (SGE): Os SGEs permitem a monitorização contínua do consumo energético, identificação de desperdícios e tomada de decisões baseada em dados. Segundo o Roteiro de Eficiência Energética da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), agência federal brasileira, a implementação de SGEs pode gerar poupanças de até 20% no consumo energético, com retorno sobre o investimento (ROI) em menos de dois anos. Sectores como metalurgia, cimento, alimentar e farmacêutico adotaram amplamente esta solução, ganhando competitividade e sustentabilidade.
  • Inteligência Artificial e Gémeos Digitais: Aplicações de IA e gémeos digitais permitem simular cenários energéticos, prever padrões de consumo e realizar manutenção preditiva. Estas tecnologias aumentam a fiabilidade dos sistemas e otimizam o uso de energia em tempo real. Segundo a IEA, o uso de IA na indústria pode reduzir o consumo energético global em até 10% até 2040. Os sectores automóvel, tecnológico e farmacêutico lideram esta adoção, com ganhos em eficiência e redução de emissões.

 

Os exemplos acima fazem parte de um repertório tecnológico acessível às indústrias, embora a sua aplicação a contextos específicos dependa de projetos estruturados e estudos baseados nas melhores práticas de gestão de projetos para alcançar os resultados desejados. Estes exemplos representam apenas uma parte das soluções tecnológicas disponíveis. Através da I&D&I, indústrias de diversos sectores, especialmente os com elevada procura hídrica e energética, podem alcançar excelentes resultados em eficiência.

 

Mecanismos de incentivo à inovação devem fazer parte do planeamento de projetos industriais

 

Mecanismos de apoio à inovação devem ser incorporados estrategicamente no planeamento industrial. Estes instrumentos não só viabilizam financeiramente projetos de eficiência hídrica e energética, como também atuam como catalisadores da transformação tecnológica. Segundo o relatório da OCDE “Science, Technology and Innovation Outlook 2021”, projetos de inovação podem ter entre 30% e 70% dos seus custos subsidiados por políticas públicas, dependendo do país e do sector envolvido. Isto permite que iniciativas anteriormente inviáveis economicamente sejam implementadas e, além disso, ganhem escala, profundidade técnica e impacto ambiental mensurável.

 

Para além dos aspetos financeiros, estes mecanismos oferecem benefícios de gestão significativos. Estruturar projetos com base em incentivos à inovação exige maior clareza nos objetivos, métricas e resultados esperados, fortalecendo a governação da inovação. A indústria ganha maior visibilidade sobre o seu portefólio tecnológico, permitindo decisões mais precisas sobre alocação de recursos, priorização de investimentos e avaliação de riscos, especialmente no estudo e seleção de tecnologias a investir. Isto é particularmente relevante em áreas como eficiência hídrica e energética, onde os retornos podem ser difíceis de quantificar, mas continuam a ser estrategicamente vitais.

 

Num cenário global marcado pela crescente escassez de água, volatilidade energética e pressão regulatória, investir em inovação é um fator crucial para a redução de custos e melhoria de margens, proporcionando às indústrias uma vantagem competitiva essencial numa cadeia de abastecimento global cada vez mais sensível a fatores ambientais e climáticos. As indústrias que reconhecem os custos ocultos da ineficiência e os antecipam com projetos estruturados e investimento em inovação estarão melhor preparadas para liderar a transição para uma economia sustentável, resiliente e orientada por dados.

 

 

Conclusões principais:

  • O artigo destaca a dependência histórica dos polos industriais em recursos naturais abundantes e os desafios modernos causados pelo aumento dos custos e escassez de recursos.
  • Enfatiza a importância de investir em eficiência hídrica e energética através da inovação para garantir práticas industriais sustentáveis e manter a vantagem competitiva.
  • As principais soluções tecnológicas incluem reutilização de água, tecnologias da Indústria 4.0, Sistemas de Gestão de Energia e Inteligência Artificial.
  • O artigo também sublinha o papel dos mecanismos de incentivo à inovação no apoio a estes investimentos e no reforço da resiliência industrial.

 

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